31 de março de 2010

Olá pissoal

finalmente hoje posso dizer que já estou a 90% do normal, para esta altura do tratamento (mais tarde do que os anteriores), vai daí vim aqui dar um pulinho para ver como é que isto ia indo (gosto desta expressão), ia indo. acho-lhe graça, que hei-de eu fazer? nada.

bem mas vou-vos dar conta de uma resposta (comentário) que acabei de fazer em outro blogue, ou seja, não vos vou transcrever, nem nada que se pareça, mas digo-vos que era sobre um tema que muito prezo: a amizade.

a amizade é uma coisa maravilhosa, há culturas que medem a riqueza de um homem pelos amigos que tem, não chegaria a tanto porque existem pessoas que não dão chance de nos mostrarmos a elas (e elas muito menos se mostram a nós) com prejuízo para ambas as partes, pois desse conhecimento poderia nascer uma amizade.

eu conheço muita gente e muita gente me conhece (aqui devia escrever sei quem é muita gente, porque conhecer, conhecer mesmo, é outra coisa muito mais profunda, mas vamos manter o conhecer) e tenho alguns amigos  (masculinos e femininos, claro), sei que tenho porque já me provaram que o são, mas vem isto à baila porque agora que sou, quase, recluso à força e convivo menos com eles, parece-me que ainda gosto mais deles, mas não é assim, SINTO é falta deles, de falarmos, rirmos,  enfim, estarmos juntos. é bom, muito bom, estarmos com as pessoas de quem gostamos, de partilhar com elas o nosso tempo e o nosso ser, de sentir que só pelo facto de estarmos perto nos sentimos melhores, mais completos, mais (porque não?) felizes.

ter amigos é muito porreiro, não é? pois é.
té manhã, se calhar.

28 de março de 2010

como o Amãndio já não usa "disto", mandou para mim, para sacudir a cinza dos charros sem ser para o chão. tá giro, não está?

obrigadinho ó meu!

27 de março de 2010

LIMITAÇÕES

Paula, quando vieres vamos tentar por isto como estava antes de eu andar para aqui a mexer, nem sei bem em quê. Ok?

26 de março de 2010

Pela boca morre o peixe

ainda não é desta que estou de volta. o pensamento ainda tem que estar concentrado noutras coisas, talvez amanhã.

25 de março de 2010

Sexta feira, 26 de Março de 2010

são 04:42 (gmt) e parece (eu disse parece) que estou de volta. vamos ver quando acordar, que isto ainda são uns comprimiditos a falar. eu já venho.

19 de março de 2010

19 de Março de 2010 - Feliz dia do Pai

feliz dia do Pai para ti Ulisses, que tens tentado, pelo menos isso, sê-lo, nem sempre o conseguiste, mas podes ter orgulho em ter tentado.

simples, não?

O menino que não tinha brinquedos ( a última)

desta vez é que eu estou mesmo em brasa! demorei a ter alguns (tão poucos) brinquedos e já só em grande.. e feitos quase todos por mim, e agora levam-me o último.

o meu alfa 145 1.4 injecção, motor boxer, bordeaux, suspensão rebaixada, jantes largas e com espaçadores, preparadinho para pista, direcção quase directa, panela de competição, etc, etc, vai à vida, ou seja, vai morrer. tudo isto porque o desgramado do motor, sem mais aquelas, sem qualquer aviso, entendeu que estava na altura de pifar, e pifou. como está muito difícil,  arranjar um boxer para substituir aquele, vou abater o gajo e pronto, já está. lá se vai o último brinquedo (e se eu gostava dele). tudo isto porque tenho uma merda de um cancro, quem diria?

parecendo que não, por vezes uma situação leva a outras que, aparentemente nada têm em comum e que raramente, mas muito raramente, mesmo muito raramente, se conseguem desenlear enquanto a origem não for resolvida, é assim com as coisas boas e muito mais com as más, experiência própria.

fico sem o meu último brinquedo, mais pobre e mais triste, mas em compensação fico com mais um desafio: tenho que arranjar outro brinquedo. vamos ver se ainda tenho tempo e arte para tal, porque coragem não falta, por enquanto.

também estou triste por outra coisa: hoje ouvi dizer que se comemora o dia do Pai, são 18:40 zulu e ainda nenhum dos meus dois Filhos, a quem tanto adoro, tiveram a gentileza de me dizer, pelo menos, Feliz Dia do Pai. ambos têm telefone, mail e a minha Filha inclusive mora comigo ...

por acaso estou triste, porque esperava uma coisa assim logo pela manhã, embora também seja pai deles à noite, não é? pois é.

Recado

Filhote, tenho que te pedir desculpa mas, a partir de agora, os meus comentários aos teus textos serão muito menos frequentes. primeiro porque tu vais muito à frente do meu poder de análise, síntese e desenvolvimento, e eu vou ficar embaraçado se algum dos meus comentários não esteja à altura da mensagem quer eram supostos comentar.
segundo. cada vez mais o teu inglês é a tua primeira língua e o meu passou para terceira, ou mesmo quarta, já não me sinto tão à vontade para as "entrelinhas", embora o essencial ainda consiga apreender.
terceiro, e (por agora) último, tu falas de amor. de um ou mais amores, o que eu acho uma maravilha, falar de amor, mesmo quando as palavras possam não ser as mais correctas ou indicadas, é sempre bom, porque se fala de uma coisa muito importante, talvez a mais importante que exista.
o problema é que esse amor, ou amores, são sentimentos teus, que terás que ser tu a resolver, descobrir, efectivar (ou não). sobre amor não se podem dar conselhos ou comentários, eles estão no coração de cada qual, que os vive e sente à sua maneira, ou se consertam ou se rasgam corações mas esses são actos solitários.

nunca deixarei de ler tudo o que escreveres, mas só comentarei aquilo a que me sentir capaz de o fazer, não penses que as minhas capacidades mentais estão muito afectadas pelos tratamentos, que não estão, só minimamente, não é por aí. é porque de mim tu só mereces o melhor que te possa dar e há coisas, Miguel, que eu não o posso fazer, tens que ser tu a descobrir por ti mesmo e, acredita que és PESSOA mais do que suficiente para tal.

como deves estar recordado, isto vem no seguimento da nossa última conversa telefónica em que dizias que eu andava afastado do teu blogue. como vês não é nada disso e se não entendes ou aceitas alguma das três razões que te dei acima, por favor, diz-me o que queres que eu faça.

outra coisa, já reparaste que ainda não fiz um texto sobre a tua Irmã? se sim, porque não perguntaste porquê?não achas estranho?

tenho saudades tuas, de te tocar, de te abraçar, de estar só ao pé de ti na mesma sala dizendo das maiores parvoíces ou falando de coisas sérias. dá-me mais ou menos sessenta dias e vamos juntarnos outra vez, valeu?

aquele abraço da chegada, misturado com o abraço da partida, recebe-o agora, Filhote querido.
Dad

18 de março de 2010

"Pequeno almoço"

este já cá mora
vai ser uma pena
daqui a bocado
vai-se embora.

estava eu a mamar o tal "gute" quando dei por mim a pensar (ai o que estes tratamentos me fazem: pensar! se eles soubessem como pode per perigoso....) adiante, como as pessoas ficam contentes quando eu acedo a coisas que elas me dizem (e de que eu já tenho na ideia há bué de tempo a resolução), olha faz isto ou aquilo, ou aqueloutro, era bom para ti, por isto, por aquilo, etc. vai daí eu ponho o que me resta do meu melhor sorriso e, com uma voz o mais maviosa possível, digo: tá bem, vou fazer. é ver o contentamento na cara delas porque "contribuíram" para o meu bem estar, são poucas as que o fazem, mas ainda há algumas. é porreiro. elas ficam felizes e eu também. dizer sim começa a ser quase tão agradável como dizer não.

inté, agora é que me "boi"mesmo. tenho mais o que fazer. (como dizem as brasileiras, não sei se os brasileiros também o dizem porque não os ouço muito).

Tatuagem

já me decidi. vou fazer a cara da Dra. Manuela Ferreira Leite a ser entrevistada pela Dra. Manuela Moura Guedes, só as caras, claro, e mesmo assim não sei se me chegarão as costas todas e eu só tinha pensado no ombro esquerdo.mas tem que ser, ando a pensar nisto há uns tempos e agora está decidido. vocês já imaginaram os milhares de olhos de garotas giras tentando perceber o porquê? e se algumas resolverem me consolar pensando que eu não bato bem da bola (e não) ou que sofro de carências afectivas, é pá, aquilo é que vai ser .....

a doença ainda não me atacou o cérebro, eu sou mesmo doido assim, já era, sempre fui. até costumava dizer que só tinha pensamentos de mer.... e só cag... sentenças.

bom, vou lá tratar do iogurte que é o melhor que faço.

Primeiro dia (madrugada)

estou no meu tempo preferido "a orla do dia". já fiz umas coisinhas, respondi a mails, enviei mails, etc. (até já fui fazer xixi) e acordei a Alice às 5 da matina para lhe perguntar onde é que ela tinha cigarros escondidos, devo ouvir poucas quando ela se levantar..... o que vale é que eu não ligo muito (ah! muito, nada), já cá os tenho, também só me disse porque estava ainda a dormir, senão fumava um cigarrito mas era.... pois.

para já está tudo bem, como ontem, a única excepção é a porra da bomba que não dá jeito nenhum para dormir, parece um biberão aqui agarrado às minhas maminhas. ao quarto ou quito dia, quando já me habituei ao bicho, vou tirar o dito, a isto é que se pode chamar um contra senso (não sei o que quer dizer mas uma vez vi e ouvi a Manuela Moura Guedes - devo estar bêbado - a dizer isto no tal jornal das sextas que foi ao ar e adorei. a forma como ela moldava aquela """"boquinha"""" para articular a palavra ainda hoje faz parte dos meus sonhos mais queridos. como gostei, de quando em vez lá uso, para não me esquecer.

"prontos" para agora chega, vou ali à cozinha comer um iogurte de meio quilo, de pêssego, e vou cirandar por aqui por casa, porque hoje mais uma vez (NOVIDADE) está a chover e eu estou "preso" ao tempo que faz.

ontem, lá no tratamento, também não consegui ver a minha médica, a Dra. Ana Ferreira de Castro, que pena, ela é tão bonita e simpática que era mais um paliativo (desta palavra também gosto) para mim. paciência.

té logo ó pessoal das barracas.

17 de março de 2010

Vou fazer uma tatuagem no ombro esquerdo

ainda estou a pensar.ou então o emblema do FCPorto, ou a fotografia do emplastro. ainda não decidi.

Já ouviram falar de política?

Ora aqui está um bom exemplo do que eu penso dos nossos políticos, são uma cagada de elefantes, cagada, não é manada.

So porque me apeteceu.

Vespera da tortura

hoje é a noite em que podia ir com meu sobrinho Ricardo ter com as amigas dele (quando eu estiver bom não me escapa), é a noite em que não durmo, passo um bocadinho (alguns) pelas brasas, mas não é dormir. estou mais cansado amanhã de manhã do que agora, e se eu hoje "pedalei". porque é que é que o raio do motor do alfa tinha que ser boxer, e não twin-sparq? desses arranjam-se facilmente, boxers só as minhas ... que porra.

e não falamos nos euros envolvidos que ainda vou ter que "fabricar". eu sempre disse: mais vale ser rico e ter saúde do que ser pobre e estar doente. pois fiz exactamente o contrário, não é lá de quem é muito (nem pouco) esperto. só eu.

bem, não sejamos injustos, há mais e muito piores.

não sei se vou voltar aqui hoje, estou um pouco desconcentrado, um pouco é favor, e para além disso o meu feeling não está muito em forma, hoje estou "mood". ou é moody?, não interessa, estou com uma carrada de caspa interior que é um desatino, já pedi à minha Alice para me comprar uma daquelas escovas com cabo fininho para lavar a cabeça por dentro, mas até agora ainda não veio.

hoje fui tirar sangue para amanhã não estar à espera dos resultados e dei comigo a sentir saudades da minha médica, gostava de me ter cruzado com ela nem que fosse só para dizer uma chalaça, paciência.

ora aí está uma coisa que eu não consigo encontrar à venda, nem no e-bay, se algum de vós souber onde se vende faça-me um favor, compre-me para aí meio kilo, ou meio litro, não sei bem como é que aquilo se vende, e mande para mim, nem que seja à cobrança (o ideal era que fosse oferta....). mas "brigadão" na mesma.


não queria acabar sem vos dizer que ainda existem pessoas mesmo boas (dignas desse nome: pessoas). quando tiver paciência hei-de vos contar como conheci uma delas, o Sr. David da Auto Reparadora Caracas. tem piada, eu não esqueço, mas agora não dá. e o mais engraçado é que eu continuo a gostar de pessoas à primeira, embora tenha tenha razão de queixa de muitas delas, acho ( e espero) que a minha capacidade de gostar só por gostar, e por ser bom gostar de gostar, não sofra qualquer alteração com esta coisa dos tratamentos, pois houve algumas coisas que sofreram e não estou a falar de ... pois de .. isso... vá lá não me "obriguem" dizer... pronto SEXO. satisfeitos agora? já tê mais uma coisa para me gozar, e fui eu que vos dei a deixa, o brinquedo, sou um gajo ou muito porreiro, ou muito estúpido.


bom, e não esqueçam a partir de depois de amanhã, devo estar intratável (também estou quase sempre), se não aparecer aqui durante uns tempos (não acredito) ou se virem nas coisas que escrevo alguma tristeza ou desânimo, é normal, por favor desculpem-me de avanço porque vocês sabem que nesses dias tenho que estar mais concentrado em sublimar o sofrimento, para que o gajo não pense que vai ganhar, é uma jogada "pisicológica", eu faço-me ainda mais forte do que sou, ou estou, ele começa a pensar que daqui não leva nada,  vai daí desanima, vai-se embora e eu ganho, simples, não? pois. 

e depois não querem que diga que sou uma "máquina", claro que sou.


inté.



 

16 de março de 2010

Procuro ajuda

estava eu ontem à noite a ver uma série que dá no AXN: "Mentes Criminosas", que quando acaba deixa sempre uma citação de um ilustre qualquer sobre o tema do episódio. a citação de ontem foi:


"Mais vale escrevermos para nós e não termos público do que escrevermos para o público e não nos termos a nós"

gostei sinceramente da frase, escusado será dizer que vim logo aqui para o google à procura do nome do homem, que me parece ser (ou ter sido) um escritor irlandês ou inglês. passei aqui um largo bocado e não consegui encontrar, será que algum de vós me pode ajudar neste sentido? qual o nome do escritor?

agora vou pequeno-almoçar e ala que aí vai ele, já são 7:41 zulu.

15 de março de 2010

amanhã vamos ver o que o bicho tem, se for alguma coisa que custe mais de 5 aereos vendo o desgramado.

palavras

não conheço essa coisa do "jeito para as palavras", mas conheço muito bem as palavras, elas são o veículo de transmissão sem as quais nós não podíamos dizer o que vai dentro de nós.


eu posso até nem as utilizar (segundo critérios vários) nos "cannones" estabelecidos, a situação delas na frase pode não ser a mais correcta, podem variar muitos aspectos daquilo   que se considera "escrita", mas eu sei o que cada palavra que emprego quer dizer, realmente quer dizer, porque em algum momento da minha vida a senti, fundo em mim, tristeza ou alegria, e soube exactamente o que esse conjunto de letras significa. as palavras não são artificiais, elas representam aquilo que eu tenho ou quero dizer nesse momento, é por isso que eu não "brinco" com as palavras, elas estão onde e como a pus não à toa mas significando o que sou, ou sinto nessa ocasião. por isso não tenho medo dos erros, das pontuações das sintaxes e outras regras que aprendi mas que não demorei muito a esquecer, porque para mim o sentimento e as regras nunca se deram bem (para além de eu nem sempre saber, poder ou querer aceitar regras). agora as palavras essas, as que escrevo, sendo de toda a gente (daí a compreensão) são as minhas na altura em que me arrisco, dando de barato que não estou a escrever nenhuma obra de arte mas sim a exprimir o que no momento de escrever quero transmitir.
cada palavra é, assim importante por si própria, porque tem a vida que eu lhe sopro lá dentro, um conjunto delas não necessita fazer uma frase bonita, precisa, isso sim, de contar (não é explicar) aquilo que eu vos quero transmitir e a maneira como o quero fazer.além que não tenho nada a ver com oratórias (e até me safo muito bem a falar em público, mesmo muito bem), nem contar histórias, as palavras que escrevo aqui no computador, para vocês lerem, sr quiserem não vêm da minha cabeça, não, vêm do peito, que não é tão racional mas, e por isso mesmo, dá mais erros mas conhece melhor as palavras, porque as sentiu enquanto a razão só as sabe e inventar e organizar, topam a diferença? se eu soubesse conciliar as duas coisas não era mais feliz por isso, sê-lo-ia por outra coisa, podia dizer que sabia escrever, o que na verdade verdadinha não sei, mas sei, isso sim que sou capaz de chegar até vós, porque vocês estão predispostos a tolerar os meus erros, e mesmo enganado-me ao princípio, não é para mim que organizo estas frases, é por mim, que como sabem tão bem como eu são coisas totalmente diferentes, mas elas não são para mim e sim para vós, porque eu já as tenho e agora fico feliz em dá-las, em reparti-las, como ideias ou pensamentos mas, mais do que tudo sentimentos com vocês, enquanto vocês quiserem.

não conheço essa coisa do "jeito para as palavras", mas conheço muito bem as palavras, elas são o veículo de transmissão sem as quais nós não podíamos dizer o que vai dentro de nós.

isto estava aqui a um canto e eu não sabia se havia de reler ou não, resolvi não o fazer, está, está e pronto.

Junta Mérdica

Hoje não apareci aqui porque foi a Aveiro (muito gostam eles de mim lá !!!) para mostrar o ... relatório da médico (que a Dra, Ana Ferreira de Castro me passou). Continuo de baixa, eu, que tenho 1.90 m de altura (não de altitude). Resolvido.

Vai daí, ou seja, vindo de lá (a minha mãe quis ir comigo) corria eu pela auto estrada em direcção a casa quando o meu Alfa, pensou, não disse, mas fez: avariou. Uma destas não estava à espera. Não vou contar a cena da assistência em viagem porque não interessa, quero é ver amanhã o que se passa com o menino para fazer birras.

Tou bem disposto à mesma, embora um bocado mais preocupado por causa do "guito" para arranjar o chasso, mas isso logo se vê.

Amanhã de manhã eu regresso, não desesperem, por favor ....

14 de março de 2010

Paula

esqueci-me de te perguntar, e se isto está aqui é para ser usado, né?

que te parece agora o teu primo?

Nada a dizer

por acaso até tenho, mas fica para a noite (ah! a noite) que assim vai tudo junto (ao molho) e é à noite que eu gosto de bater nas teclas, durante o dia é esporádico (de onde é que eu copiei isto, ou é por ser domingo?).

té logo, hoje já fui dar uma volta e falar com uns companheiros (saí de casa eram 7:30, vá digam lá : zulu (esta do zulu nunca mais me larga). agora vou-me aos doces.

Para quem comenta

ou seja, para a Paula e para o Miguel. fiquem atentos porque eu comento SEMPRE os vossos comentários, como comentarei outros que, eventualmente alguém se digne fazer, pode demorar um dia ou dois, mas vai sempre alguma coisa a respeito.

13 de março de 2010

Acabou o sono

são 03:30 zulu (agora agarrei nesta) e foi-se. já dormi seis horas (deitei-me com as galinhas, aliás, só com uma, a Alice, mas tá um frio do cacete por aqui, mesmo que não durma vou para vale de lençóis magicar qualquer coisa para "prantar" aqui logo quando me levantar.
(ainda não encontrei o livrinho de onde copio estas coisas, que chatisse, eu muito me rio com isto, sozinho, é claro).

não Paula, não vou acabar com isto, até talvez seja bom para a minha terapia eu dá-me gozo transformar lentamente esta coisa mais geral, para não estar sempre a falar do mesmo, quero também dar-vos uma amostra dos dias bons e dos ruins, quando eles aparecerem.

normalmente respondia a quem perguntava, quase sempre com um ar compungido: "então como está?" e eu pumba: olhe uns dias mal e outros pior, já não o faço, agora digo, já estive pior, hoje sinto-me até bastante bem. vês, é a tal mudança de discurso, que provém da mudança de atitude.

talvez um dia destes, mais breve que tarde, hei de aflorar aqui as teorias do positivismo que aprendi em filosofia, mas com os meus comentários, pode ser que vos provoque uns sorrisos, até estou em crer que vou "filosofar" um pouco sobre esta vida, para que quem não me conheça, fique a saber o que eu "penso" sobre determinadas coisas que fazem parte do mundo em que "por aqui andamos".

que é uma coisa que eu odeio ouvir dizer (quando as pessoas que o dizem, conseguem sentir isso mesmo). pessoal, nós não andamos "por aqui", somos nós que fazemos e determinamos este por aqui, e a nossa vontade, coragem, optimismo ou resignação, desinteresse, até angústia é que fazem a beleza, ou não de cá estarmos. e estarmos aqui, não "por aqui" é a diferença entre sabermos e querermos viver, lutar por isso, ou aceitarmos sem qualquer tipo de revolta, o que nos acontece ou o que obrigam a que nos aconteça.

eu pertenço ao grupo que gosta de cá estar, sabendo como é, ou pode ser, breve a nossa passagem, mas, longa ou não, ela tem que "valer a pena", tem que ter algum significado, tem que deixar marcas positivas de que nós fizemos parte significativa de quem aproveitou a viagem para maravilhar os olhos e foi ainda capaz de chamar a atenção a outros para as maravilhas que nós vimos e algumas mesmo, porque não ?. que nós fizemos.

eu, por exemplo. que me tenho em alta "conta" - sem exageros - talvez seja melhor dizer: eu, que gosto de mim, sem narcisismos, tenho absoluta certeza de que meia dúzia como eu vão recordar-me por algum tempo, não por já cá não estar, mas sim por enquanto cá andei. penso que mais do que "coitado, estava na vez dele", vou ouvir (não sei como) algumas pessoas a rir das minhas anedotas e palhaçadas, do humor que ponho em quase todas as situações que tenho pela frente, por mais adversas que elas possam ser, do carinho que eu tenho pelas crianças, do meu ódio (e algumas lutas minhas e de outros que tornei minhas também) à INJUSTIÇA, que é uma coisa que me tira do sério, mesmo, e de mais algumas coisas. mas sei que serei lembrado (o que para mim é uma vitóriazinha) por algumas coisas que fiz e que chegaram para deixar a minha marca e algumas pessoas
o que nós damos de nós, com vontade, carinho, compreensão e sobretudo amor, não se esvai num simples enterro de um corpo, fica cá por algum, muito ou pouco, tempo no coração e na memória das pessoas a quem o fizemos. tenho a certeza de que serei lembrado assim, sei que será tal e qual como eu digo porque, no meu intimo, naquilo a que podemos chamar "consciência", também eu tenho essas memórias de outra gente que já terminou a sua viagem. e isso faz-me feliz.

eu também sou feliz por pouco e com poucas coisas, mas o que ainda me faz mais feliz é gostar de mim, como já disse, sem narcisismo, mas porque acho que sou das pessoas (não muitas) que ainda vale a  pena conhecer.

para além disso, e muito mais importante, deixo um legado aos meus amigos da HUMANIDADE que são os meus dois filhos, a Catarina e o Miguel, que serão muito mais "importantes" do que eu em todos os aspectos, porque são versões melhoradas do que eu sou, e seguramente vão atingir mais gente do que eu fui capaz d o fazer. saravá Meus queridos Filhotes.

Tou árrasca

vou ter que pôr fim ao meu blog. não sei onde pus o livrinho de onde copiava as coisas para aqui. ora gaita, e agora?

olha, vou mas é procurar por ele, até pode ser que encontre outro melhor.

risada das minhas.

Impressionante

é impressionante a forma e o conteúdo do que as pessoas dizem em relação à minha doença.
eu sei que mudou muita coisa (quem melhor do que eu o saberá?), desde profissional, financeira, social e até familiarmente. mas ter "dó de alma de uma coisa dessas acontecer a uma pessoa como tu", vai uma distância grande, enorme. e também é giro a forma como as pessoas, quase todas, evitam o nome da doença, se fosse uma espandilose, uma cirrose, uma perna partida, não havia problema, mas parece, nem parece, tenho a certeza de que evitam dizer cancro, não vá o bicho aparecer-lhes a eles.

isto vem na sequência da manhã "desportiva" que fiz (ver outros a jogar à bola), como previa estava muita gente para tagarelar (entretanto o sol apareceu e amenizou um bom bocado o frio), assim, fartei-me de dar à língua, entre outras coisas respondendo ao que me perguntavam sobre consultas, tratamentos, eu sei lá.

eu sei que, de repente, o céu me caiu sobre a cabeça mas, como de costume, tive uma sorte danada porque só acertou de raspão e, assim posso fazer um curativo, senão, pumba, lá ia eu (o que diga-se em abono da verdade era uma peninha para algumas pessoas).

avancemos.

na realidade, mais do que simpatia, comiseração, constrangimento,alguns até amargura, pelo meu estado -que já foi um zilião de vezes pior-, o que o pessoal tem mais é MEDO que também lhes calhe a elas (e é engraçado notar que a maioria pensa mesmo, seriamente, que não falando das coisas, ou chamando-as pelo seu nome, elas não LHES  acontecem).

enfim, passemos adiante. o zé mókia apareceu cá, uma vez mais fui chatear o homem para me arranjar alguma coisa aqui em casa, porque eu tenho máquinas para tudo (bons tempos em que as podia comprar e ainda bem que o fiz) mas não sei fazer nadinha de nada, então valem-me os Amigos. tivemos uma boa charla, como sempre e passou-se um bom bocado. ora aqui está uma coisa de que eu preciso muito, é de passar "bons bocados" (se forem inteiros, melhor). sempre fiquei com mais um bocadinho de força.

Imagem

gosto de uma frase que os "bifes" usam muito que é: "what you see is what you get". aplica-se a mim como uma luva de pelica feita à medida. brutal.

aqueles que comigo convivem há mitos anos, sabem e estão habituados a isso, olham par mim e na minha imagem já sabem que não existem subterfúgios ou dissimulações, mostro aquilo que sou e como estou, não há enganos.

reparo agora que a maioria das pessoas (já vivo em Oliveira há quase vinte e dois anos) que a imagem que a maior parte do pessoal faz de mim é uniforme (só podia ser) mas que é um pouco extrapolada, ou então as pessoas são dissimuladas (para não dizer mentirosas). como é que quase todas elas sabem que eu vou dar a volta por cima, que vou vencer o cancro com uma perna às costas, eu, não o cancro, se eu só ontem é que determinei que tipo de luta e estratégia iria usar para o fazer? só falta dizer de mim o que disseram do Álvaro Cunhal : "o Cunhal tem um cancro, coitado do cancro"

é espectacular ir dar uma volta a pé aqui pelas ruas mais perto de minha casa. e é o que pode ser porque o meu coração, com estas químicas todas, está mais fraco (mas não menos aberto ou generoso).  quando (muito raramente) caio na asneira de ir ao café tomar alguma coisa, ou fazer o pequeno almoço, agora dá-me riso, palavra. como já estou muito diferente para melhor do que estava aqui há uns meses, chegam a perguntar-me "então, quase a ir trabalhar?"

esta gente é maluca! ou então é a tal imagem que eu projecto que os induz em erro (estou a ser simpático). tenho a impressão que o que vêem em mim deve vir de alguns desenhos animados do super rato, ou da super toupeira, ou assim.

faz-me lembrar a terceira vez que fui a Aveiro a uma junta médica, com duas pessoas, que eu presumo serem médicas mal educadas e sem qualquer perfil para atender PESSOAS, não gentalha (atenção que são coisas diferentes) e que me fizeram "saltar a tampa", principalmente pela falta de educação (que é uma coisa que eu me gabo de ter à minha custa com os princípios que a minha Avó me deixou). não vou contar tudo porque não é importante e já lá vai, só que eu, que mal conseguia falar, dei por mim a interpelar uns tons mais acima até do que devia (olhem só como eu consegui não dizer ... gritar)a uma delas: a Sra, conhece alguém que tenha curado um cancro destes em seis meses? se conhece agradeço que me apresente para eu fazer o mesmo".

eu, hein?

12 de março de 2010

Gooooood Moooooorning Vietnam

são 07:00 horas zulu (como eles dizem nos filmes de guerra) e são mais que horas de começar a viver. vamos lá a levantar essas bundas da cama e aproveitar o dia.

aqui tem muitas nuvens lá fora mas está SOL no meu coração, por isso, vamos ao banho, vestir um fato de treino, tomar os remédios, pequeno-almoçar,  e ala que se faz tarde para aproveitar o dia.

como é natural (sábado) tudo dorme em minha casa, a Alice, a Catarina e a Luna (que já deve ter dado por mim e não tarda vem-se sentar num dos meus pés, é a forma dela me dizer bom dia). no computador diz que faz um grau em Ovar, aqui devem estar três ou quatro, não se pode dizer que esteja calor para matar pássaros, mas isto para mim não é nada, na Catalunha, em Lérida, já estive a menos trinta e seis e sobrevivi (seis dias a seis negativos, claro)

eu não disse, cá está ela, antes de ir xixizar a roçar-se nas minhas pernas, deixa ver que pé escolhe hoje, o esquerdo, está bem. esta gata é um espectáculo.

daqui a bocado vou ver jogar os putos das escolinhas aqui do meu Oliveirense (e as respectivas mães que lá os levam (algumas bem ... giras), entreter-me no paleio com alguém que, de certeza, lá está para conversar e coisas assim. isto foi só para vos dizer BOM DIA PESSOAL (menos para o meu sobrinho Ricardo, que deve ter andado na moina até há pouco, que era o que eu fazia quando era da idade dele. abençoado. para ti Cardo, saravá, como dizia o meu querido amigo Vinicius de Moraes. outra vez, saravá. outro que tal é o meu Miguel, que ,ou esteve a trabalhar ou,.... esteve a trabalhar, para ti meu querido Filho saravá, sua benção para hoje. saravá. (e boa tarde, quando acordarem).

e pronto, começaram hoje os trabalhos para a erradicação do bicho (para ti bicho não há saravá), podes dormir ou morrer (melhor) que eu fico feliz. já estou e ainda só agora comecei.

té logo ó piçoal. saravá.

Promessa

reparem bem na mudança do discurso:

quando eu estiver bom, vou ser muito mais forte do fui até agora (se não me matou, fez-me mais forte, como se diz).

hoje fiz uma promessa à minha Filha que tenciono cumprir, senão não a tinha feito. fizemos um acordo, que não vou tornar público e é para ir para a frente.

sei que tenho ainda muito que sofrer (também o hábito já nem liga a tudo o que se sofre), a luta vai ser intensa, há-de haver dias em que me vai apetecer fugir para o mais alto monte que houver, e essas coisas todas, mas também vai haver tempo para recuperar, para arranjar mais força dentro da pouca força que me resta, mas é dessa massa que se fazem os campeões e eu sou um campeão. no doubt about that.

de modos que, Miguel não tenhas pressa que eu seja avô, como sugeriste no outro dia. o tempo chegará.
e tu Mana ainda vais conhecer o irmão que só descobriste ao fim de quarenta (e alguns) anos, repara a gentiliza de não dizer a tua idade (ah! que belo mano) e hei-de ainda rir muito, que é uma das coisas de que eu mais gosto, e fazer rir os outros com as minhas palhaçadas.

amanhã, Paula - especialmente para ti que compreendeste a dualidade do teu primo-, vou ter uma conversa séria com o menino que não tinha brinquedos e vou-lhe pedir para me ajudar, já que ele é muito mais forte do que eu, ele é a fortaleza, eu sou a teimosia. penso que, entre os dois vamos vencer este bicho (afinal o que é um bicho comparado com um Homem de aço e sangue para o temperar?, nada, menos que nada). que achas?

quando não me encontrarem aqui já sabem que devo estar chorando para dentro, não se admirem, é e vai ser frequente, os outros dias será sempre com o meu sorriso ao canto da boca que hei-de "esparramar" aqui aquilo que me apetecer (afinal é isso que faço desde que comecei), uma patacoadas sem jeito misturadas com algumas coisas, embora poucas, com muito jeito, mesmo. sou eu.

vou esperar até ao fim para agradecer a todos a quem tenho que agradecer mas, posso fazer já um agradecimento do que se passou até aqui, não, não posso, seria injusto, fica para depois.

o meu Filhote, dizia há uns tempos, no maravilhoso blog que ele tem que eu "ainda não estava preparado para ir", não é verdade, conforme lhe respondi, estava, estou e estarei sempre, porque eu posso dizer que VIVI, só que agora quero mais quero dizer também que VENCI.

quem me conhece bem sabe o grau de exigência que tenho com quase tudo, a partir de agora vou tê-lo comigo sempre, e não só às vezes, desculpei-me a mim mesmo vezes demais (embora nunca tenha acusado ninguém por decisões que tenha tomado (não é verdade Filho?), também muitas vezes não fui justo comigo, assacando culpas que não me cabiam e continuando a minha viagem. de qualquer forma fiz tudo à minha maneira, embora contrariamente à canção, tenha alguns "regrets" que não renego mas que já passaram e portanto (M. de La Palisse) já foram.

estou muito emocional (sempre o fui) mas com veia para a "mariquice" mas vocês vão-me desculpar isso, como já me desculparam coisas muito piores, verdade? claro, por isso são Amigos. mas o estar emocional não tira um pingo da racionalidade da decisão que tomei, é nela que me fundamento, nela e no conhecimento dos limites do meu corpo e da minha mente (que me tem suportado bem o corpo, ela é mais forte.

por três (ou quatro) vezes caí no mais fundo poço que poderia haver na altura, estive de rastos, estive abaixo de cão, quase deixei de ser pessoa, pois outras tantas vezes comecei a minha vida do zero, ou menos dez, ou menos vinte, e levantei-me, umas vezes mais devagar, outras mais depressa (há pessoas que estão a ler isto que sabem que é assim tal e qual) mas levantei-me sempre, com ou sem ajuda, pus novamente a minha cara no ar, soprei a poeira e continuei. porque não fazer o mesmo agora, que nem sequer estou abaixo de nada, nem de rastos e tenho um milhão de Amigos a ajudar? nem parecia meu. mais, fico pasmo como tantas vezes pensei em desistir, eu, desistir!! onde andaria a minha cabeça?

amanhã, com ou sem mal estar, com ou sem enjoos (não sei se é assim que se escreve nem estou para ir ver, isto é "pena corrida"), com ou sem dores, garanto-vos que vou recomeçar a treinar o meu melhor sorriso para dar a cada um de vocês de cada vez que pensar em vocês e tentar manter o sorriso para mim (que também mereço) com que todos os dias vivia (sempre tão intensamente) esta vida que é MINHA.

a minha viagem ainda não acabou.

está decidido.

P.S. e mais: vou aprender a escrever direitinho para vocês gostarem de ler as coisas que eu entender postar aqui. "mai" nada.

Maldades

hoje estou desenfreado! (e isso não é muito bom, não é não)

1º quem é que me obriga a ouvir os gregorian cada vez que abro o meu blog? eu gosto deles, mas não é sempre e nem quando não tenho outra alternativa a não ser desligar o som.

2º e pior !!!!!!!! agora, sobrepondo-se aos gregorian aparece-me também o desgramado do panasca do Iran Costa a cantar qualquer coisa como se fosse o hino do benfica, porra, é demais.

3º estou à espera que me tragam o meu monitor, que foi dar uma curva até á samsung, e quem o traz é um amigo meu informático, esperem pela vingança, ainda vos vou pôr todos a ouvir o Artur Garcia, ou o Tony de Matos, ou o António Calvário. vocês vão ver o que é bom para a tosse !!!!!

agora vou ouvir (e bem alto) os 100 melhores solos de guitarra (ah! grande e-mule).

inté

Ir à rua

tá a ficar difícil. Em 50 metros parei para falar com, pelo menos, meia dúzia de pessoas, acenei a outras tantas (o meu Filho sabe do que estou a falar, está pior Miguel) e estás assim e estás assado e estás f...rito, eu sei lá.

por um lado dá-me uma satisfação enorme (não é Miguel?) por outro torna-se cansativo. e os que já não me vêem há muito tempo? e os que não sabiam? é pá é uma canseira, como dizem os meus conterrâneos, sim porque eu sou alentejano, não esquecer.

mas isto não é só a propósito de mim, é do Miguel também. o Nuno do o'culos mandou-e cumprimentos, o da farmácia (que te deu o estojo de canetas que deixaste cá) também, outras pessoas que tu nem sabes quem são perguntam por ti (quanto não valeu aquele passeio pedonal), no que respeita aos teus amigos que por cá tens (como tenho a certeza em outros muitos lados), seguramente estão em contacto contigo, és muito popular aqui em Oliveira.

Isso ainda é mais gratificante aqui para o teu velhote. e, modéstia à parte, enche-me o peito de Orgulho de ti.
Beijo do Pai

Tá Sol !!!

Té logo malta, são 9:02,  já vou tarde.

Viva a vadiagem.

11 de março de 2010

Médicos 2

andei à procura de alguma coisa engraçada sobre médicos mas não encontrei nada de jeito
se tiverem um cartoon que me possam enviar por mail, agradeço.

Medicos

aviso já que ontem e hoje, tenho andado perto do que pode ser considerado razoável, em termos de saúde física (já em termos de mental, pior, mas muito, cada vez estou mais alarve).

isto a propósito que sou um homem, perdão, Homem, de sorte. senão vejamos, rebentam-me duas úlceras e por causa disso, descobrem-me um cancro com mais metasteses do que o metro de Paris. era um caso tão bicudo (o cancro) que ninguém me queria pegar porque ... enfim, já não valia a pena. mas, milagre dos milagres, de alguma forma o Dr. Pedro Santos pegou em mim e fez lá umas misturas e tal e coisa e coisa e tal que, ou rebentava, como estava destinado, ou "tínhamos homem (agora não vale a pena escrever com maiúscula), como eu sou e sempre fui do contra, resisti só para os chatear e parece, por aquilo que me contaram que chateei mesmo, passei-me dos carretos, atirava-me da cama abaixo, tirava as agulhas e os tubos, enfim, eu, até que tiveram que me atar à cama. bonito.

bom, mas voltemos aos médicos que é disso que aqui se fala (ou tenta falar). o Dr. Pedro e eu criámos rapidamente uma relação óptima pois além de grande profissional ele é uma Pessoa espectacular. vai daí......... vai-se embora para outro lugar, de qualquer forma com contacto se eu necessitasse.

e a quem é que ele me "entrega", a quem? perguntam vocês, porque eu sei e vou dizer-vos: à Dra. Ana Ferreira de Castro, que eu não conhecia de lado nenhum, pensei: é escritora, não é mesmo médica, agora já conheço, é lá do hospital.

bom, meninos, quando eu entro para a primeira consulta e vejo uma cara que parecia ter saído das revistas de beleza, é pá, senti-me logo melhor, que cara tão bonita, uma louraça de olhos claros, só visto. tudo bem, gostei logo dela ainda ela não tinha dito nada, depois passei a gostar ainda mais porque é uma bem disposta de mão cheia, assim como eu era, pensei (????!!!!! eu a pensar??????!!!!!) tou com a minha gente. e estava mesmo.e tinha paciência para me aturar, só não gostei quando me disse que durante os tratamentos não posso (ou devo) comer camarões, dessa não gostei mesmo nada. acho que podem fazer mal se não forem bem frescos, uma coisa assim. o que vale é que uns dias antes eu tinha enchido o bandulho com umas gambas de se lhe tirar o chapéu e até agora ... nada. ainda bem.

sol de pouca dura, à segunda consulta, depois de eu ter debitado uma parvidades, como habitualmente, a Sra. Dra.Bonita diz-me que me vai "entregar" a uma outra colega porque vai fazer um estágio na estranja, até o resto dos cabelos das pernas se me arrepiaram todos. então agora, que ainda faltam três (ai,ai,ai) tratamentos e que eu já tinha confiança nela é que isto me acontece? e mais, outra vez!!!!, de qualquer forma prometeu que iria ficar em contacto com a colega que a iria substituir duranre este tempo.

então ninguém me quer? deve ser, deve ser não, é falta minha. devo ser daqueles doentes que só são bons quando estão curados, e à distância. mas prontos, já me vou habituando a estas coisas, o melhor é curar-me mesmo e depois é que eles vão ver como eu posso ser chato, eh,eh,eh, esperem pela vingança.

esclarecimentos muito importantes:
1 - a Dra. tem três filhotes (de quem seguramente vai ter saudades), portanto tirem daí o sentido, suas mentes porcalhotas
2 - a colega a quem me vai entregar, ou já entregou (penso que é a Dra. Ana Falcão) é uma morena linda de morrer, também só visto, mas vocês não têm nada a ver com isso porque não estão "doentinhos" como eu (felizmente)
3 - por último e ainda mais importante a Alice vai comigo a TODAS as consultas e tratamentos. pois.

e agora que já me diverti um bom bocado vou-me embora, quer dizer, vou dormir com a Alice, não vá o diabo tecêlas.

um dia destes vou falar-vos da maravilha que é o pessoal da secretaria e as Sras. Enfermeiras, mas hoje não, hoje é só para Doutores, aliás foi porque já acabou.

é pá se tenho o galo de algum dos visados ler isto, em vez de platina, que é uma das drogas que me metem cá para dentro (nesta altura devo valer um dinheirão) eles metem mas é estriquinina e lá vai o Ulisses desta para pior.

nem vocês calculam o gozo que me deu escrevinhar estas parvidades todas. e mais ontem e hoje, podem crer, estiveram dias de Sol e eu aproveitei todos os bocadinhos que pude, se amanhã estiver outra vez solinho, filhos só para o télélé é que me apanham. casa?????? isso é que era bom.
vá vão dormir que o vosso mal é sono.

P.S. dou cinco euros a quem me contar estas histórias que eu aqui "prantei", tal é a confiança de que ninguém resistiu até ao fim.
tchau.

Feedback

decididamente ninguém, à excepção da minha Paula  e da minha Irmã, eventualmente o meu Filho, lê estas baboseiras. assim, e como eu não leio após bater no teclado, não me parece fazer muito sentido continuar com esta coisa, porque se existe alguma coisa que todas as pessoas gostam é de saberem se o que fazem, ou dizem (ou deixam de fazer ou dizer) é se isso provoca alguma reacção nos outros. não é se estão, ou não, de acordo é se lhes quer dizer algo, só isso.
é certo que a maior parte das vezes ma dá algum conforto espingardar para aqui em vez de fazer  xixi (que lindo) para a parede, outras são bocados arrancados a mim mesmo (ah! se eu pudesse arrancar o bocado que me está a fazer tão mal !!!!) para não mais pensar nos mesmos, só que eles voltam sempre, como a chuva no inverno.

mas, tá bem, por enquanto aqui vão mais umas, não é agora, porque agora é dia e eu vou aproveitar o sol, olá se vou.

(mas é chato não ter comentários, isso é).

7 de março de 2010

Coisas que valem a pena

Como os telefonemas do Manuel Ramos, da firma Marques dos Santos, como o grande telefonema do Jacinto Patrício da OSG, como os do Celestino, de Ovar , ex-F.Ramada, como os do Leiria, que está em Paris, como as gentilezas do Amigo Cardoso, colega na Macro há 16 ou 17 anos, que também está com problemas, mas com quem sempre arranjo alguma coisa para rirmos, como o sacramental telefonema da querida Esmeralda, que há muitos muitos anos não se esquece do meu aniversário, para além de outras coisas dela e do Manetó, seu marido, e colega da Macro também há um ror de anos.Como os parabéns da Sónia da FMMG, do Ricardo Santos da Macro, como as flores da Lídia e da Susana (também se dão flores a homens).

É bom que saibam que nada disto está ordenado por pessoas ou atitudes, apenas ao "bater" das teclas.

Este é o seguimento do anterior e não garanto que seja o último, porque a minha cabeça há-de funcionar mais um bocado e, possivelmente, terá continuação.

A ver vamos.

Há coisas que ainda valem.

Este é um post que não sei quanto tempo vai demorar a ser escrito, tem que falar de muitas coisas, e como agora é dia não me lembro nem de matade.

Vamos vamos ao que está aqui presente, depois logo se vê.

O Paulo Gomes telefonou-me a dar os parabéns e apanhou-me "com as calças na mão", ele sabe porquê, se ler o mail que lhe mandei e isso chega.

Tive muitas visitas este fim de semana, principalmente a da minha Irmã Sara, do meu cunhado Rui e da minha sobrinha Carla, que apareceram de surpresa (para mim, porque a Alice e a Catarina sabiam) e vieram lá de Lisboa dar um beijo (e outras coisas) aqui ao pascácio. Fiquei tão feliz que tive que inventar uma rábula de chateado para não começar a quebrar logo ali. A minha Mãe resolveu portar-se à altura, a minha cunhada Estela veio cá almoçar, trouxe-me um bolo que eu adoro e uma rosa linda, linda, foi muito bom, muito bom, muito bom.

Isto no dia 5.

Claro que tive os telefonemas da Rosária, que também apareceu no sábado com o Lucas e o Hugo, visita da Susana , que veio com a Mãe  e com o  "meu sobrinhito" Henrique, isto também no sábado,da  Lídia, Do meu cunhado Jorge, do Sempai Matos (esta é boa) do meu cunhado Adriano, da minha cunhada Maria, mensagem da minha cunhada Adelaide, conversei muito com o meu Filho, mais mails do Duarte, do Belmiro, os cinquenta mil mails do Carlos (que não devia saber que eu fazia anos) os telefonemas da minha queria prima Paula, meu enorme suporte também, e para já é o que me lembro, mas eu volto a isto, não tenham dúvidas, infelizmente para quem lê.

Mas, perdoem-me, a franqueza (sou eu, vocês sabem) a visita da minha Irmã e sua Família, menos o meu sobrinho Ricardo que não pôde mesmo vir (por causa das "badalhocas"), ele é que deu de desculpa que tinha que trabalhar, eu sei em quê, sei, por isso tem todo o meu apoio, fez-me um comichão na alma que me deu uma dor de felicidade como há algum (muito) tempo, ou seja, precisamente um ano quando os meus cunhados Adriano, Maria, Jean Marie e Cidália vieram de França, para me ver, eu não tinha. E, para que vocês saibam, as dores de felicidade também fazem chorar.

É que até há meia dúzia de meses, eu não tinha irmãos. Agora tenho uma Irmã (e respectivo agregado familiar) que, como é lógico, ainda por cima morando longe como moram, para lá de Lisboa, não me conhecem de todo, não sabem quem eu fui, quem eu sou, e se irei ser mais alguma coisa durante algum tempo, que se presume não ser muito.

E, não me conhecendo, tendo (parece-me) simplesmente aceitado-me, têm-me rodeado de uma atenção, de um carinho, direi de uma AMIZADE, a que não estou habituado.
Isto bate no fundo da minha máquina. Como é que eles sabem se eu sou, ou não, merecedor de todo este envolvimento? E porque é que só nos conhecemos numa fase da minha vida em que ainda não decidi o que fazer dela? Porque não (pelo menos) dez anos antes?
Sempre gostei mais de dar do que de receber, os amigos velhos sabem disso, e encontro-me agora numa situação em que nada tenho para dar e passei a quase tudo receber, é certo que não é geral, há muitas pessoas que deviam ou podiam, pelo menos ter feito um telefonema, mas....

Agora chega, já estou cansado e sei que me estou a esquecer de muitas coisa, o que não será justo para outras pessoas. Vou postar isto mas, conforme disse, haverá desenvolvimento. Ao fim e ao cabo é mais para não me esquecer do que já aqui vai.

Só mais uma coisita: são estas coisas que me dão alguma da força que preciso, porque onde ia buscar a que me era característica, e que fazia de mim uma pessoa alegre,viva, feliz, como tantas vezes disse a tanta gente, esse sitío não tem mais. Tenho agora que recorrer à força externa, porque a interna, está como eu abaixo da cintura: foi-se. ( A porra da brejeirice tinha que entrar, que mania !!!!).

Té logo, ou amanhã.

5 de março de 2010

Parabéns ... para mim.

Aniversário

Hoje fiz 56 anos e ... tive visitas de longe. Fiquei muito feliz, mesmo muito.




(A minha sensibilidade anda colada aos meus nervos, ou seja, "para além da flor da pele e embaraça-me, muito).



Hoje não dá para escrever, talvez amanhã, quem sabe? Talvez daqui a uns dias. Talvez.

3 de março de 2010

Ensaio sobre o gostar

Paula, no meio (se houver extremos) desta situação infernal, onde nada cresce, tudo se esboroa e desfaz, mas também onde se definem muitas coisas, descobri, como uma flor muito vermelha rasgando o chão adverso que, se pudesses, travarias algumas das minhas lutas por mim ou, pelo menos, lutarias ao meu lado.

para isso eu não consigo inventar palavras. desculpa a limitação.

2 de março de 2010

Podia dizer isto de outra forma, mas ... não sei

a desilusão, o cansaço, a dor, sei lá que mais, não justificam tudo, ou se calhar, não são justificação, mas eu também não preciso de me justificar.

não é soberba, nem complexo de superioridade, nem arrogância, nada disso ou parecido, só que o que eu, mal ou bem fiz de mim apenas a mim diz respeito. (vou ficar mal se a Fernanda ou a Maru lerem isto).

porquê então agora deixar que me queiram transformar numa coisa que não quero ser? não tenho assim tanto impacto nas outras pessoas (a que as duas dão tanto valor) nem espero delas seja o que for, ou seja, elas também não têm assim tanto impacto em mim (à excepção de cinco ou seis) mas mesmo a esse impacto sinto um certo "desapego" porque vai contra a minha natureza, e essa não podemos nunca renegar.

no fundo fui um lobo solitário com algumas companhias de viagem, dei-me muito e fiquei feliz, não recebi nem metade e não me fez mossa. que quer isto dizer? sei que, em alguns momentos também não quis receber o que me ofertavam, não sei porquê, ou honestamente, até sei, era o medo da dependência de não conseguir continuar a ser eu. é giro, não sei se é, mas raramente tive dúvidas, agia primeiro, falava depois e esperava, calmamente as consequências. não sou grande exemplo, aliás, continuo a não ser grande exemplo, mas não foi essa a minha missão de viagem.

vou acabar aqui hoje porque estou a sentir uma raiva interior que me está a fazer mal.

ainda bem que quase ninguém lê estas autênticas "bacoradas".

Paula

Paula, obrigado pelas tuas palavras  e pelas outras que me fizeste chegar és querida para mim desde que nasceste e hás-de ser até ao fim.

Consegues compreender como eu estou longe de toda e qualquer divindade? Consegues compreender como eu não compreendo?

O meu espírito está em paz, não tenho remorsos, nem pesos na consciência. Não sou perfeito, nem "Demasiado Humano" como dizia Nietzsche, sou só humano, com todo o carrego de coisas boas e más que cada humano carrega, embora uns mais de uma coisa outros mais de outra.

Contrariamente ao que tu dizes, já não é por mim que resisto a cada tortura diária, já não empunho armas nem uso armaduras, já fiz as pazes comigo há muito tempo

Os meus desejos são mínimos, os objectivos acabaram, a força esvai-se lentamente, como nunca pensei que acontecesse. Pensei sempre que o meu fim seria tão pacífico como um fim de semana sem nada para fazer, nem iria dar por isso, nem chatear ninguém.
Vê o que é que se passa, tudo ao contrário.

Uma vez falei aqui de viagens ao Vítor, a minha viagem já terminou, só a estou a prolongar porque ,para além de "matematicamente" ser possível, ainda há pessoas (como tu) que se interessam por mim, não que lhes faça falta, ninguém é insubstituível, mas preocupam-se e algumas sofrem comigo.

Ora eu nunca fui de trair, não é no fim que o irei fazer, só que, uma vez mais Nietzsche, eu sou só humano e os humanos têm limites. Só para que saibas há mais de dois meses que os meus limites foram, l a r g a m e n t e, ultrapassados. por mim não tinha começado sequer este segundo ciclo de quimio, tinha ficado como estava e, ou me tornava um vegetal dependente (fora de questão) ou abreviava o caminho da viagem.

Mais uma vez escolhi o que as outras pessoas, importantes para mim, quiseram, só porque não gosto de dizer NÂO.

Assim, quando me falam em Deus, eu fico a pensar e repensar até a tampa da cabeça estalar: porquê?
E o pior é que não encontro razões.Fiz milhares de asneiras (como os humanos) mas também fiz milhares de coisas boas, dá para por nos pratos da balança? E aqui tomamos em linha de conta só a quantidade ou também a qualidade?

Prometi,e vou cumprir, acabar mais este ciclo, faltam mais à volta de 78 dias, sem grandes queixas, sem resmungos, sem azedume, sem cobrança, depois disso ninguém mais vai escolher por mim. Esta também prometo.

Não te esqueças: lá, onde os cavalos velhos descansam antes de irem em carreira para a fábrica de cola, não se vislumbra uma folha verde, nem na terra nem nas árvores, e até a sombra é abrasadora, a água há muito que secou no poço velho de areia.

P'ra onde eu for II

pra onde eu for
tudo será novo
um mundo acabado de criar
com meia dúzia
se seres parecidos
e mais uns quantos
muito diferentes
e
novas montanhas
para escalar
rios para atravessar
pedras rolantes
do cimo dos montes
perigosas de morte
para fugir
e haverá bichos
bichos para caçar
peles necessárias
para tapar o frio
que só se conseguem
lutando
e
fugiremos para as cavernas
guardando o saque
que dá poder
e lutaremos
com o peito
com as mãos
com os dentes
com as unhas
mas sim
lutaremos
a chuva cairá
dias a fio
granizo do tamanho de punhos
e o sol
queimará
o que restar da chuva
e muito para além disso
e
cada vez haverá menos
de nós
só os mais fortes
sobreviverão
não inventaremos
regras
nem leis
nem mais nada
que a violência
então
tudo estará em mim
e
terei finalmente
BRINQUEDOS

P'ra onde eu for.

pra onde eu for
haverá árvores muito mais altas
do que estas
de ramos com sombras
cinzentas
e
espaço
haverá muito
no meio dessas árvores
e tudo será suave
como lençóis
de seda esvoaçante
e todas as cores
serão claras
com luz própria
e os sons mais altos
serão risos de craianças
brincando
como crianças
e os corações
confundir-se-ão
com sorrisos
de gentileza
numa difusão
de seres superiores
e
ainda haverá música
com cheiro
de flores eternamente
orvalhadas
e haverá
também
tempo
muito tempo
para ver flutuar
os sentimentos
que não acabam
nunca
e poderemos traçar arabescos
sem qualquer sentido
só porque sim
e
todos os toques
serão doces
de uma doçura
que já não lembramos
e
não haverá
nunca
uma chuva
que não seja de pétalas
daquelas flores
que nunca conhecemos
e
tudo isto estará em mim
e
finalmente
eu terei a minha
PAZ

Calvário

hoje recomeça o meu calvário após tratamento. são mais 17 dias de fugir, mais 17 noites para os olhos furarem a escuridão até ser manhã.
hoje vou ser mais forte do que ontem e mais fraco que amanhã.

antes quebrar que torcer.

há muito tempo que não estava tão sereno nestas condições, penso que brevemente irei chegar a algum lado. qual será esse lado?

como diria o meu filho Miguel: I wonder.

A revolta do menino que não tinha brinquedos.

6:35 acordar, levantar e lavar sem uma palavra, nem bom dia. ao mesmo tempo olhámos para o espelho e tive um susto.
como está velho, quase desfigurado, que olhos fundos e semicerrados, que rugas marcadas, que pele queimada....
tenho a sensação de que foi isso mesmo que ele viu, tenho a certeza que foi.
vou esperar para ver o que dá, para já está muito pensativo, concentrado em alguma coisa que quer atirar cá para fora e as duas rugas no meio das sobrancelhas não enganam, não vai ser macio.

11:05 veio tão de chofre que me assustei:- Olha lá mas tu estás a ficar ainda mais parvo do que eras? O tom de voz era baixo, contido, pausado. esperei, devia haver mais pois aquela era uma pergunta retórica, e veio:

- Quando é que paras? já foi dito uma ou duas oitavas acima, mas a voz saía contida, como se preparasse uma arrancada, conheço-o bem.

- Não aprendeste nada comigo? Claro que não era uma pergunta para eu responder, continuei à espera.Grandes silêncios entre as perguntas, para eu poder "moer" e digerir, mas a contenção era latente, a qualquer momento esperava a explosão. E ela veio. Olá se veio....

- Essa é a vida que queres para ti? Chamas a isso viver? Onde estavas quando me forjei no aço? Que fazias quando fabricava armaduras e armas para construir a Vida? Não lembras as alegrias das vitórias e a tristeza das derrotas em cada batalha? Em todas as guerras? Em cada renascer?

Deus, como o tom tinha subido e a contenção se ausentado. Havia agora desespero, raiva, impotência, perigo.

- Prisioneiro em casa há mais de um ano sem matares ninguém, sem nada roubares, escravo dos tratamentos, dos comprimidos, das mariquices de sobreviver, não és tu. Não podes ser tu. Porque não te desprendes? Faz o que tens a fazer e acaba com essas merdas que te dão uma qualidade de vida de merda e pára. Já não tens mais para lutar, ou também estás cego?

-Vai-te #&$"?(%. Saiu-me, mesmo sem dar por isso. Como tens tomates para me dizer uma coisa dessas? Onde estava quando te forjaste em aço? A dar ar à forja e o meu sangue para o temperares, as armaduras que construíste, é verdade, foram feitas com os meus desenhos e as armas vieram da minha imaginação. E mais, muito trabalho me deu cobrir-te de carne para não pareceres um monstro das galáxias distantes, e muito esforço tive que usar para adoçar as tuas palavras quando não combatias e muito amor tive que usar para afagar o que não destruías. E por vezes não havia tanta alegria como isso, nem tristeza, nas vitórias ou derrotas, não me lembro de uma com um oponente do nosso tamanho, ou eram maiores ou mais pequenos, eram os que apareciam. Uma coisa é certa, sempre fomos justos.

De repente as minhas poucas forças esvaíram-se e calei-me, pensando no que de verdade tinha ouvido. Seria esta a minha vida até acabar? Se assim fosse ele tinha razão, devia deixar a Natureza seguir o seu curso e parar com o potássio, a platina, sei lá que mais drogas me metem no corpo, que chego a pensar se não morro da doença, seguramente vou morrer da cura.

Mas e a Catarina, o Miguel e a Alice? Como os posso defraudar, a eles e às suas expectativas? E como mandar para o lixo todo o sofrimento por que eles já passaram também (e continuam a passar)?
 Não o posso fazer de maneira alguma, não é justo. O pior é que também não é justo para mim. Ora sendo a Justiça uma das coisas que mais prezo, estou a ver que tenho que pensar até onde vai o limite de um e dos outros. Mas ainda me parece cedo, vou dar mais um benefício da dúvida a este ciclo de quimioterapia e então pensarei sobre isso, a frio, muito a frio, pesando todos os prós e contras e tomarei uma decisão. Justa.

- Olha, sabes que mais? Vai-te #$%"/(&. A minha voz ressoou firme e clara, suficientemente forte para acabar a revolta do menino que não tinha brinquedos. Eu sei que também ele sofre, talvez mais do que eu, porque ele sempre foi a parte forte e agora está cansado de tantas guerras.

1 de março de 2010

Miguel II

desculpa Filhote mas acabei de me lembrar que ainda temos esse sorriso, cada vez que nos abraçamos na chegada ou partida, ou simplesmente quando conversamos. verdade?

baduscaos

hoje, por felicidade (e por acaso) descobri um blogue, pelo qual apenas passei os olhos, quase em leitura dinâmica, mas que não resisti a postar um pequeno comentário, e que me pôs novamente a pensar (tenham cuidado, ele pensa novamente !!!!).

vou ler tudinho o que lá estiver, porque quem o escreve é uma pessoa que PENSA NAS OUTRAS PESSOAS, que é exactamente o que eu não tenho feito desde o aparecimento deste maldito bicho, e eu não era assim, dei por mim agora a pensar primeiro eu, depois eu. não gosto. não é da minha natureza.

prometo voltar aqui, mas só lá mais para a semana, para me "penitenciar"

Miguel

é verdade que não dás muitas notícias, é verdade que te "ausentas" algumas vezes mas, por mais que isso aconteça sabes que estás SEMPRE presente não só no meu coração e no meu pensamento mas em mim todo, no total do que eu sou, porque tu és uma parte das mais importantes de mim.

nunca fico desiludido com a falta de notícias ou com as "ausências", apenas há uma ruga ao lado dos meus olhos que se afunda um pouco mais com a tristeza de não estares fisicamente ao meu lado. só isso.mas tu sabes o essencial do teu pai,não sabes?

ainda bem que recordas esse episódio, há mais umas dezenas deles em outras situações, algumas semelhantes mas com outros apetrechos (bolas, triciclo, escorregas, etc). e ainda bem que apesar de pequenino soubeste ver o que o pai te queria ensinar (estou certo que tens usado isso pela tua vida).

depois envias-me um comentário tão lindo, que eu recuo no tempo e sorrio com esse sorriso que era só nosso e que não alegrava só aquela rua, chegava a iluminar o Mundo.

inté, Filhote.

Sonho ou premonição?

ontem fui-me deitar menos mal (já estou habituado de tal maneira a estar mal que menos mal para mim já é  bom). adiante.

acordei no meu tempo preferido quando a noite já não é noite e a manhã ainda não se levantou é o que eu costumo chamar a orla do dia

e tenho uma memória desta noite chamo-lhe memória porque não sei outro nome já que sensação talvez seja curto

e é uma memória tão agradável tão libertadora que nem me parece poder ser minha

mas é

foi quando de repente do nada sem razão todo o meu corpo explodiu numa luz tão branca que os olhos não podia fixar rasgando-se de alto a baixo sem uma dor sem um tremer só em paz explosão completa que abriu o meu peito mas estranhamente conservou  as minhas feições

e milhares de milhares de cavalos de todas as cores saíram galopando livremente para um pradaria de erva curta e orvalhada que não tinha fim à minha frente como se o infinito fosse isso mesmo

e cabriolavam relinchando como se os cavalos fossem felizes como se aquela correria fosse a razão de existirem

e mais cavalos saíram e ainda mais numa profusão de músculos de força e de beleza que extasiavam levando-me a pensar que alguma coisa de importante se passava mas que era muito demais para eu compreender mas era divinal

tenho a memória que sorria quando acordei