12 de dezembro de 2009

Aviso à navegação

Conforme a minha querida prima Paula disse : "Não havia necessidade".

Só que, antes que me esqueça, aviso que eu não estou a fazer isto para ninguém a não ser para mim. E porquê este aviso? Porque me estou ca.... para a literacidade das minhas palavras, erros ortográficos e de pontuação, enfim, tudo o que não seja passar para aqui para eu não me esquecer de algumas coisas as palavras que na altura consigo alinhavar.

Não faço rascunhos e raramente corrijo seja o que fôr, a não ser que repare logo "no acto" (sem subterfúgios).

Tá?

Outra coisa e também antes que me esqueça: hei-ve voltar ao menino que não tinha brinquedos.

O menino que não tinha brinquedos

Comigo acontece sempre, nunca falha.

Dando volta umas coisa velhas, não guardadas mas abandonadas, arrecadadas, enfim, por ali, encontrei uma foto antiga de um puto que conheci há muitos, muitos anos atrás ( posso dizer assim porque tenho uma já provecta idade) e a quem, infelizmente, perdi o rasto, digo com mita pena minha porque eu adorava aquele puto.
Conheci e fui muito amigo de toda a família, gente pobre, não no limiar da pobreza, mas contando os tustos a maior parte do tempo, gente humilde, honesta, trabalhadora, mas pobres.

Uma coisa me doía muito sobre aquele puto: o menino não tinha brinquedos, não é não tinha brinquedos, não tinha nenhum brinquedo. E eu não podia dar-lhos.

Mas aquele menino espantava-me cada vez que estava com ele, contráriamente ao que se poderia pensar ele não era um menino triste, muito longe disso, era todo riso fácil, olhos esbugalhados nas histórias que lhe contávamos, absorvendo cada palavra como se não viesse mais nenhuma a seguir à última, acreditando em cada fantasia e transformando-a com a sua fértil imaginação. E ficando FELIZ por isso. Era muito fácil de contentar.
Era acima de tudo um menino que não pedia nada, nada, mas mesmo nada e que aceitava que tinha o que podia ter e que era assim porque era assim, porque o resto da família também não tinha as coisa todas que as outras famílias tinham. Deus, como aquele puto era fácil de contentar!!

E a ternura? Como ele era capaz de gostar, apenas gostar. Das coisas, das pessoas, do tempo, da escola, dos colegas, de tudo, e sobretudo dos livros, sim dos livros, jornais, tudo o que tivesse palavras impressas ele adorava.
Lembro-me quando ele ainda não sabia ler de pedir à mãe que lhe "lesse" o "Rufino", que era uma tira de banda desenhada que existia no falecido Diário Popular, diáriamente. Não sei como o jornal aparecia lá em casa dele mas recordo-me de sempre o ver quando encontrava o puto. Sei que, por volta dos cinco anos  o seu maior desejo era ir para a escola para pder "ler" o "Rufino" sózinho, sem ajuda. Era curtido à brava, porque o "Rufino" não tinha letras, eram três quadrados em que uma situação se desenvolvia sózinha, sem palavras, apenas com a evolução dos desenhos.

E ele lá foi para a escola (um dia hei-de contar a história deste menino aos meus Filhos, a história toda) era sempre o melhor da turma, desde a primeira classe até ao fim do extinto Ciclo Preparatório, penso que hoje corresponde ao 6ª ano, teve Bolsa de estudos da Gulbenkian - que era um bom dinheirinho naquela altura - o que ajudou a sua mãe um bom bocado no que às finanças mensais dizia respeito, enfim, era um valente puto por quem eu nutria um carinho muito especial e acima de tudo uma enorme admiração.

Tudo isto só porque me lembrei que mesmo com bolsa de estudo e tudo, o menino continuou sem ter brinquedos, nenhum brinquedo.

Talvez por causa disso ele tenha descoberto a palavra impressa e devorava tudo o que conseguia, sentado no chão da marquise, com as costas apoiadas numa parede e os pés na outra de frente. E ali ficava ele, "tempos infinitos" como dizia a minha Avó, com os tais olhos que tudo absorviam, devorando as palavras, porque o menino vinha da escola e estava o resto do dia sózinho em casa, até à noite, quando a mãe vinha do trabalho.

Tenho tantas saudades desse puto a quem perdi o rasto há tantos anos, tantos que até dói. mas a Vida leva-nos por caminhos que nem sempre são convergentes.

Tenho pena que esse puto não tivesse nasccido mais tarde, só isso, podia ter nascido na mesma família e crescido da mesma forma, mas que fosse amanhã o seu primeiro dia de aulas. adorava que isso tivesse sido assim.

Lembro-me como se fosse hoje o último dia em que o vi. Daqueles olhos absorventes nesse dia escorriam muitas e silenciosas lágrimas, teria talvez oito ou nove anos, acho que foi nessa noite que deixou de ser um menino sem brinquedos para se tornar num repente um homem sózinho que sabia que a sua luta começava ali e que as suas armas eram como os seus brinquedos, teria que as fabricar, sózinho, como sempre.

É pá, o que eu gramava o puto.

10 de dezembro de 2009

Técnica

Estou à espera que o meu Filhote Miguel venha para me ensinar a mexer nesta porra.

Ena pá, a PRIMEIRA ASNEIRA! estou admirado. Vá lá, vá lá....

A palavra

Vazio.

É essa a palavra que há pouco bailava por aqui e que só agora consegui agarrar. Vazio é uma palavra feia, oco é ainda pior, entre as duas o diabo que escolha, eu escolho vazio.

Definitivamente não gosto de me sentir vazio. é confrangedor. Será que vendem recargas de mim mesmo? Onde?

E será que ainda vale a pena recarregar? Para quê?

Daqui a pouco nasce o Sol, vou tentar apagar mais este dia e esta noite que passaram e fazer os possíveis para continuar bem. Afinal não estou sózinho, ainda tenho gente para olhar.

Tem horas, tem dias

Estou a ficar preocupado comigo. De há um ano para cá, contra minha vontade, e até sem dar por isso, algumas coisas se alteraram em mim, para pior. Pois, iso é que me preocupa. O sentido de "balance" não é o mesmo, muita (grande parte) da minha capacidade de alegria inata, de facilidade de sorriso, da piada ao canto da boca, da resposta pronta e bem divertida, de tantas coisas boas, já não existe.

Compreendo que cada dia que passa me tenho que esforçar mais para não abalar os que me rodeiam, para os convencer que "tudo bem", que  não sou preocupação. E isso cansa, e isso dói, tanto como outras dores físicas /ou mais) que já me habituei a ter. De quando em vez dou por mim com constrangimento de me queixar aos médicos de dores que são reais, embora menores, e que noutra situação seguramente deixaria passar até as considerar mesmo graves. Agora parece-me que quase tudo é grave, o pior é que eu sei que é mesmo mas faço por obliterar. Está errado, também o sei, mas o que é certo é que começo a estar cansado demais.

Grande parte da alegria de viver, da minha vitalidade, do meu empenho, pior, do meu sorriso, foi-se para algum lugar a que me parece que não vou conseguir chegar jamais. Simplesmente desapareceu.

Tem dias, tem horas, tem principalmente noites como esta em que dentro da minha cabeça ressoa a cada batida do meu coração "the hell with it". E isso muito para além de me deixar triste e confuso, deixa-me danado, como se diz no Alentejo (Deus, que SAUDADE EU TENHO DA MINHA AVÓ). danado porque não me reconheço nesta fragilidade, danado porque a sensação de ser vencido é uma coisa que descvonheço.

Por três vezes tive que recomeçar a vida do zero, ou até do menos dez, sei lá, mas sempre fui capaz de o fazer, desta vez começo a ter dúvidas e isso, para mim é péssimo.

Há pelo menos uma pessoa que é capaz de compreender quando eu digo que saudade eu tenho da minha Avó, e estou seguro que ela se lembra de como era comunicar sem palavras, da cumplicidae do sorriso trocado, do adivinhar o pensamento, de tantas coisas boas que existiam entre mim e Ela. Como Lhe sinto a falta!

A minha Avó era para mim o conceito de bondade, de simplicidade, de rectidão, de tudo de bom que eu já conheci ao cimo desta terra, e a Força que ela me transmitia era qualquer coisa de divinal. Sou feliz por Ela ter sido minha Avó, imbui-me de tudo o que eu tenho (e de alguma coisa que já perdi) de Bom.

Morreu com a grande trsiteza de não ter conhecido o Neto. Eu sei que os dois deveriam ter feito um par do outro mundo, asssim como nós fizemos, foi pena não ter acontecido, foi muita pena.

Furo agora a noite, como tantas outras que eu furei mas com propósitos diferentes e diferentes resultados. Antigamente era a sede muitas vezes infeliz de viver, agora talvez seja mais realista dizer que é a noite que me fura, não me deixando fazê-lo. The hell with it.

Daqui a pouco será uma nova manhã, igual a tantas do último ano, em que espero, desespero, em que ligo e desligo, em que possívelmente continuarei a respirar. E os objectivos? Ea Vontade?

The hell with it.

9 de dezembro de 2009

Isto de começar um blogue às 3 da matina só de lunáticos.


Pois é, ainda não estou acordado. Lá mais para a madrugada voltarei, tenho aqui umas coisas "entaladas" que é melhor que saiam.


Até lá.

UB
Ó para eu a abrir a boca com sono, tadinho do menino.

8 de dezembro de 2009

A question of balance

Ando há 55 anos à procura, quase sempre não intencionalmente, com mais ênfase nos últimos 7 ou 8 anos, desta coisa do equilíbrio. Só dese essa data a esta parte me fui inteirando, não da importãncia, mas dos diversos equilíbros que são necessários para se conseguir "o equilíbrio".

Devagarinho, que é como quase todas as coisas devem ser feitas, lá fui vislumbrando e conseguindo, esse malfadado ponto em que se não cai para lado nenhum. Eis senão quando,e aqui é que a porca torce o rabo, já quase dominava a bicicleta é que a vida me prega uma prtida a que ainda estou para achar piada, resolveu oferecer-me um cancro, pois. Não foi coisa que eu pedisse (não gosto nada de pedir mas quando tenho que o fazer também ninguém me dá nada) mas, enfim, tenho que me aguentar com ele até que ele veja que eu ainda sou pior que o dito, é uma questão de tempo, e se eu sou teimoso...adiante. Amanhã continuo, porque já são6 da matina vou ver se encosto uma pálpebra à outra e ronco um bocadinho, até já.