10 de dezembro de 2009

Tem horas, tem dias

Estou a ficar preocupado comigo. De há um ano para cá, contra minha vontade, e até sem dar por isso, algumas coisas se alteraram em mim, para pior. Pois, iso é que me preocupa. O sentido de "balance" não é o mesmo, muita (grande parte) da minha capacidade de alegria inata, de facilidade de sorriso, da piada ao canto da boca, da resposta pronta e bem divertida, de tantas coisas boas, já não existe.

Compreendo que cada dia que passa me tenho que esforçar mais para não abalar os que me rodeiam, para os convencer que "tudo bem", que  não sou preocupação. E isso cansa, e isso dói, tanto como outras dores físicas /ou mais) que já me habituei a ter. De quando em vez dou por mim com constrangimento de me queixar aos médicos de dores que são reais, embora menores, e que noutra situação seguramente deixaria passar até as considerar mesmo graves. Agora parece-me que quase tudo é grave, o pior é que eu sei que é mesmo mas faço por obliterar. Está errado, também o sei, mas o que é certo é que começo a estar cansado demais.

Grande parte da alegria de viver, da minha vitalidade, do meu empenho, pior, do meu sorriso, foi-se para algum lugar a que me parece que não vou conseguir chegar jamais. Simplesmente desapareceu.

Tem dias, tem horas, tem principalmente noites como esta em que dentro da minha cabeça ressoa a cada batida do meu coração "the hell with it". E isso muito para além de me deixar triste e confuso, deixa-me danado, como se diz no Alentejo (Deus, que SAUDADE EU TENHO DA MINHA AVÓ). danado porque não me reconheço nesta fragilidade, danado porque a sensação de ser vencido é uma coisa que descvonheço.

Por três vezes tive que recomeçar a vida do zero, ou até do menos dez, sei lá, mas sempre fui capaz de o fazer, desta vez começo a ter dúvidas e isso, para mim é péssimo.

Há pelo menos uma pessoa que é capaz de compreender quando eu digo que saudade eu tenho da minha Avó, e estou seguro que ela se lembra de como era comunicar sem palavras, da cumplicidae do sorriso trocado, do adivinhar o pensamento, de tantas coisas boas que existiam entre mim e Ela. Como Lhe sinto a falta!

A minha Avó era para mim o conceito de bondade, de simplicidade, de rectidão, de tudo de bom que eu já conheci ao cimo desta terra, e a Força que ela me transmitia era qualquer coisa de divinal. Sou feliz por Ela ter sido minha Avó, imbui-me de tudo o que eu tenho (e de alguma coisa que já perdi) de Bom.

Morreu com a grande trsiteza de não ter conhecido o Neto. Eu sei que os dois deveriam ter feito um par do outro mundo, asssim como nós fizemos, foi pena não ter acontecido, foi muita pena.

Furo agora a noite, como tantas outras que eu furei mas com propósitos diferentes e diferentes resultados. Antigamente era a sede muitas vezes infeliz de viver, agora talvez seja mais realista dizer que é a noite que me fura, não me deixando fazê-lo. The hell with it.

Daqui a pouco será uma nova manhã, igual a tantas do último ano, em que espero, desespero, em que ligo e desligo, em que possívelmente continuarei a respirar. E os objectivos? Ea Vontade?

The hell with it.

2 comentários:

  1. Pois eh... Tem dias... Tem horas... Tem instantes tao altos como a seguir se escondem a muitos metros abaixo do solo...
    Mas esses instantes, esses momentos, essas horas: sao tudo fruto do teu conforto, neste caso desconforto... e espero que saibas que o teu sorriso. a tua boa disposicao, a tua alegria... nao fugiram nem desapareceram... continuam em ti mas TU, e so tu eh que as podes ir buscar para as utilizar. Nao te ensino nada de novo Pai, nem o quero fazer... pensas que o meu primeiro impulso quando falo de ti eh o que? Fico triste porque penso que o meu criador, que eu adoro, que me deu muito caracter e saber estar, pode nao ficar comigo o tempo suficiente e, como tu, tenho medo que nao conhecas o meu filho/a... mas depois contrario essa ideia parva e lembro-me de tantas coisas boas que faziamos que colocavam e colocam ainda, quando relembradas, um sorriso na nossa boca... lembro-me do Furadouro, dos escorregas de La Salette, de me comprares uma bicicleta que soh utilizava quando ia a Oliveira, do meu quarto e do facto que eu gostava mais do meu quarto em oliveira que em sao bras... enfim... tenho tantas coisas que me fazem sorrir no passado... se o futuro nao me esta a trazer alegrias... entao olho para o passado e revivo todas as coisas que me deram prazer e emocao e o sorriso vem instantaneamente, a alegria vem com ele e a boa disposicao eh quem tu ehs oh parolo... ainda por cima ehs feio como os cornos quando nao estas a sorrir.... lol
    Adoro-te PAI!

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  2. Que bom que tiveste uma avó que adoravas e que te adorava. Infelizmente eu não posso dizer o mesmo. Isto porque a inveja lhe roía os ossos e a alma de eu ter oportunidades que vocês todos meus primos não tiveram! Temos muita pena... Mas ao menos ainda bem que foi boa para alguém. Porque não o foi para mim, nem para a minha mãe... eram as filhas da outra senhora. Adiante...

    Gosto datua boa disposição, primo, mesmo quando é má disposição floreada e que eu reconheço perfeitamente.

    É bom lembrarmo-nos do passado, como diz o Miguel. Lembro-me das "guerras" pelo ovo estrelado mais bonito. Lembro-me de Benfica, de todos nós e do vizinho João. Lembro-me de querer andar no teu carrinho de esferas :)

    Também me lembro de coisas menos boas, mas são essas coisas que nos fortalecem e fazem de nós Homens e Mulheres adultos. Alguns aprendem mais depressa, outros mais devagar e outros, como o meu irmão, não aprendem NUNCA.

    Éu também nutro uma saudade muito dura pelo meu sogro, que já faleceu (o pai do Vitor). Sempre que me lembro dele choro desalmadamente (como agora). Aquele foi o pai que eu não tive. E lembro-me dele, a corar, mas com um grande sorriso nos lábios. Porque seria assim que ele quereria ser lembrado. E foi uma grade lição de vida para mim. Aliás, ele e o Vitor foram as minhas grandes lições de vida e me ensinaram o que é saber amar e saber perdoar. São pessoas assim que fazem o mundo melhor.

    Desculpa usar o teu blog, para dizer isto, mas: OBRIGADA SR. AUGUSTO, OBRIGADA VITOR.

    E quanto a ti, primo MIguel (que eu sempre adorei à distância, por força das circunstãncias da vida), cabe apenas a ti, realizares o sonho do teu pai ver um neto/a. Não quero dizer com isto que agarres na primeira fulana e lhe faças um filho, mas parece-me que tu também serás daquelas pessoas que se tornam adultas mais tarde, ou apenae e então, pertences a esta nova geração em que as prioridades da vida são bem diferentes daquelas que eram na minha geração e na do teu pai.

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