5 de maio de 2010

um dia destes

um dia destes
o sol vai-se levantar
mais lentamente que o habitual
e vai deixar no ar
uns pintinhos de núvem
só uns pintinhos
para não magoar os teus olhos

e como uma passagem de algodão
entrará no teu peito
uma suave doçura
que pensarás ser o descanso

e irás levantar-te devagar
devagarinho
acariciando com o olhar
a lonjura das planícies

e um vento brando como um sussurro
passará na tua cara
anunciando a inclinação das flores

e aí tu darás um dos teus
raros
sorrisos estendidos
como se olhasses para os teus filhos

nessa altura serás capaz
de falar contigo
como se já soubesses que chegou a paz

então
com toda a a calma do mundo
que já não tem segredos
vais sentar-te num banco
com três pés
como os do alentejo
e finalmente
poderás descansar
só então.

1 comentário:

  1. De tudo o que escreveste, de tudo o que sentiste e sentes, só vou comentar este. Não porque seja melhor ou pior do que os outros. Todos os poemas que li aqui são lindos. Não pelas palavras em si mas pelas entrelinhas (as tais entrelinhas de que tanto gosto de falar), mas por aquilo que penso que sei sentires.

    No dia em que te sentares no banquinho alentejano para descansares, vou arranjar um banquinho para me sentar e pensar em ti lá nas planicíes a descansares.

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