9 de maio de 2010

sobre as fortalezas (se encontrarem alguma semelhança)

gostava que alguns de vòs (creio que até há alguns que me visitam aqui) soubesse o que é fingir, ou antes, actuar, diáriamente, várias vezes cada hora (depende de onde me encontro e com quem), forçar um sorriso, dizer aquela piada que os outros estão sempre à espera que digamos (claro que não é a mesma, nem valia a pena pensar nisso, ó parolo), como se fosse uma certidão de que além de estar vivo - que constatam imediatamente - estou "melhor".

e ouvir dizer que a "sua carinha agora agrada-me mais, houve aqui um tempo, meu Deus", mas o mais engaçado, se no meio desta merda toda se pode achar piada, é que "naquele tempo" me disseram EXACTAMENTE o mesmo.

mas eu sou burro, ó quê? tenho cara de idiota, ajo como tal?

ah! como os meus amigos, que não têm medo de falar das coisas, nem de as chamar pelos nomes, me animam quando perguntam: tás mais ulisses hoje? quando é que acabas com isso e matas o filho da puta? não achas que, para férias, já chega? vê lá se ganhas força para a malta ir fazer uma comesaina.
é pá, as gajas têm perguntado por ti, que é que queres que lhes diga?


já há muito tempo que não leio, não consigo, então lembro-me de coisas, de muitas coisas, que li e cada vez mais constato (já é a segunda vez que uso esta palavra neste post) que o meu tempo já acabou.
quando o meu coração parar, algum dia ele vai-me dar descanso, não quero reanimações, nem massagens, nem bocas que não conheço soprando ares para os meus pulmões. isso significa mesmo o fim. o fim de uma viagem que foi linda, com todos os sofrimentos mas muito mais alegrias, onde não perdi tempo, antes o gastei, e como se sabe, gastando-se, acabou. além de que estou curioso em relação ao que vai acontecer depois. sim, estou.

e hoje vou para a cama tentar dormir e com o secreto desejo de que o amanhã já não exista para mim como vai existir para vocês, mas diferente, noutro nível, noutra qualquer dimensão, noutro qualquer caminho, não sei mas espero descobrir.

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