14 de janeiro de 2010

Esquecimentos

Vocês (quem, sim, quem?) vão dizer que sou parvo, e com toda a razão. É verdade, sou. Admito. Culpado. Mas é assim que eu sou. Além de que "parvo" quer dizer muitas coisas, mas vamos considerar só o trivial. Parvo.

De quando em vez esqueço-me de coisas, que passam por mim como ventos do sul, carregados de intenções mas muito velozes para se apanharem. Então agora com esta coisa da quimio fiquei muito pior, esqueço-me do dobro das coisas, algumas relativamente importantes, outras ainda bem que me esqueço, que são as mais importantes, porque têm a ver com dor, sofrimento, desilusão, solidão e outras coisas assim, que não interessam nada a ninguém, excepto a mim.

Mas esta nota tem a ver com um esquecimento que relembrei (não gostaram da piada?), tem a ver com a nascimento e morte, sujeitos da nota que escrevi para o Vitor sobre a viagem.

É que me esqueci de dizer que nascemos e morremos sózinhos, tanto num acto como no outro estamos sós, entregues a mais ninguém do que nós.

É que também me esqueci de dizer que na maior parte da Viagem estamos também sós, por vezes demasiado sós, por isso muitas vezes a nossa companhia de viagem, não sendo a ideal, não é bom uma viagem feita a sós, é a possível, e a única que nunca nos abandona. Só por isso deveríamos gostar um pouco mais de nós.

Inté.

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