29 de janeiro de 2010

Amor e companheirismo

  1. Acredirte

Manetó

Fiz-te a vontade. Estás contente?

Claro que fiz também a minha vontade mas, pelo menos por uns tempos não me chateias a cabeça. Eu sei que "os cães ladram mas a caravana passa", o que tu te esqueces é que nem sempre gosto de ouvir o ladrar dos cães, assim evito-os. Capice??

Hoje estive contigo e esqueci-me de te dizer uma coisa: tens que me agradecer!!!!!!!!!!

Pois, tens que me agradecer não ter aceite o convite do Bettencourt par ir treinar o teu Sporting, e e olha que não foi falta de insistência dele, pagava mais do que recebo de baixa (pouco mais) dava-me regalias que não tenho, etc. Só que era muito longe, se fosse ali no Couto, ou até mesmo em S. João até ia, agora ir e vir de Lisboa todos os dias chateava-me, foi só por isso que não aceitei.

Tens que me agradecer, porque mais de metade dos "jogadores" já lá não estavam, dava-lhes guia de marcha até à Cova da Moura e que por lá ficassem. Jogava só com alguns (muito poucos) e o resto punha os juniores ali na batata e ainda ganhava o raio do campeonato. Apostas?? Fazes bem.

Inté.

Porque é que a luz tem que se avistar sempre "ao fundo do túnel"?

É uma frase que não é exacta. E se nós não estivermos num túnel e sim numa pradaria imensa completamente às escuras, de onde vem a luz?

A luz como resposta ao mal (é assim a interpretação "ao fundo do túnel"), ou seja: para este período mau já se antevê uma solução, uma saída.

Mas porquê ao fundo do túnel? De onde virá essa expressão? De algum comboio que avariou no meio de umtúnel e foi andando empurrado pelos passageiros?! Ná. Se tiver humanamente tempo ainda vou descobrir.

Mas é engraçado ser a luz a soluçaõ. Claro que a luz é fonte de vida, como diz o Engº Rebelo só há uma fonte de energia: o SOL. Saudades das "aulas" de manhã, instrutivas e alegres, se bem temperadas com comentários, perguntas e/ou sugestões. Algumas opiniões do Engº Rebelo ainda me fazem sorrir, outras pensar, outras discordar. Também tenho saudades de alguns bate-papos que já tivemos, enfim, coisas.

Voltando à luz como a soluçaõ, vou dar-vos uma novidade, que ando a descobrir aos poucos: as trevas também são soluçaõ e mais definitivas do que a luz.

Fiquem bem.

Desilusões, ou decepções.

Há gente de quem não esperava (lá está, estamos sempre à espera que os outros tenham um certo comportamento), outros que foram muito para além do que seria expectável da minha parte, a quem, como sempre agradeço do fundo do meu coração. Elas sabem quem são. Sabem, sabem.

Já lá vai mais de um ano que esta situação se arrasta (já tentei matar o cancro à pedrada mas a pontaria é muito fraca. Se ao menos tivesse uma arma como aquelas do Rambo, talvez já lhe tivvesse limpado o sarampo, assim vamos tentando com a merda das drogas, que podem levar uma série de tempo a ser bem sucedidas ou podem levar o mesmo tempo a não o ser. é esperar para ver.

Isto a propósito de uma conversa que tive hoje na Macro, é sempre um gosto quando lá vou. Alivia-me o coração, é como se entrasse na minha segunda casa (que já foi a primeira durante muito tempo). Gosto de encontar as pessoas com quem trabalho (algumas há já 16 anos), gosto sempre (e arranjo ânimo para) trocar uns chistes, dizer umas parvidades, dar uns sorrisos, contar e ouvir umas anedotas, enfim, estar entre alguns amigos.

Não imagimam o bem que me faz, como me refresca a alma e me fortalece o corpo, naquela vontade de ainda lá pertencer, os seus problemas são, por instantes os meus problemas, as suas vitórias as minhas vitórias, como eu sinto aquela casa!!

E como eu sinto a falta das pessoas, que tirando não chega a meia dúzia (mesmo assim) sempre me telefonam, ME VISITAM, me trazem um pouco de carinho e a certeza de que ainda conto, ainda não me esqueceram, arrisco a dizer que lhes faz falta o velho Ulisses. E, pior, eu até acredito nisso.

Cada ida à Macro é como se fosse parte do meu tratamento e só não vou lá mais vezes com medo de ser mal interpretado (não há nada pior para quem trabalha do que aqueles que nada fazem), de ir de alguma forma interferir no desempenho dos "artistas". Como tenho consciência disso, faço muito poucas visiitas e nunca duram mais de uns minutos, a não ser que lá estaja o querido Sr. Firmino, de quem muito gosto e por quem nutro uma consideração ímpar, aí sempre demora mais um bocadinho (eu já não disse que as conversas são como as cerejas?).

É evidente que há pessoas que me dizem mais a todos os níveis do que outras (o contrário também é verdadeiro) mas na generalidade,e a Macro é um todo, adoro passar lá uns "ratitos" como dizem os espanhóis a charlar sobre tudo, menos sobre doenças, isso não.

Até porque nem sequer vale a pena perguntarem-me se estou melhor, se não fosse assim não estava lá, além de que basta olhar para a minha cara.

Agora as saudades que eu tenho de fazer patifarias ao Duarte, o que estava fisicamente nais perto de mim, e com quem se pode brincar, as bocas para o Armandito, perguntar pela casa ao Carlos Tavares, rir e cantar no intervalo do almoço com o Sr. Cardoso, irritar o Osvaldo, desatinar com o Manetó, contrariar o Vitor Cantor, etc, etc, etc, essas saudades que crescem todos os dias, aqui fechado em casa com uma televisão que já vou odiando e um computador que já me satura (excepção feita à noite, a ouvir os clássicos e escrevinhar isto) já fazem parte das minhas dores.

Até quando?

Afinal vou continuar a dar erros e outras asneiradas.

Pois vou. Vou porque (embora não tenha que justificar) gosto desta coisa, é uma cagada, eu sei, mas é a minha cagada mental, alivia-me um pouco e faz-me sentir acompanhado numa maneira estranha e sem razão.

Primeiro porque estou aqui sózinho, são sempre umas quantas da manhã, devia estar a dormir, lá vai um cigarro a mais, agora que faço tudo para os controlar, enfim faço qualquer coisa.

Segundo porque alguns heróis que conseguem ler o que escrevo (MUITO POUCOS) quando me encontram dizem para continuar que gostam do que lêem, etc., aquela bondade... Embora não note esses leitores nos poucos comentários que recebo, o que me deixa duas dúvidas: leram e acharam que nem valia a pena comentar, ou simplesmente olharam para a aurora boreal e passaram para outra?
`´E certo que não são os comentários que me fazem tentar atinar com as palavras, ou a falta deles neste caso, mas talvez aquilo que me dizem na rua ou me enviam por mail, se lá estivesse comentado me fizesse sentir menos sózinho, talvez, talvez.

Mas que gostava de ser corrigido (não a ortografia nem a sintaxe, isso passa ao lado da minha couraça de indiferença), ou pelo menos alertado para as minhas "burradas" (de burro), isso eu gostava. Talvez a motivação se espicassasse (é assim?), talvez mais coisas me viessem à ponta dos dedos, talvez tivesse coisas mais interessantes para dizer, vocês sabem que as palavras são como as cerejas e eu adoro cerejas.

Quem quiser vai ter que me aturar mais uns tempos, oxalá pudessem ser longos e mais risonhos do que estes são, oxalá.

Inté.

Desencontros

Por vezes cruzamo-nos na rua com uma face vagamente conhecida, à qual franzimos o sobrolho numa tentativa de lembrança. e, sem querer fixamos o olhar num ponto muito à frente, tão á fente que até é atrás, no passado, num esforço de lembrança.

É? Não é? Seria? A não ser que fosse... ou então...não, não era.

E seguimos nosso rumo, sem mais pensar no assunto, ficando na incerteza de se conheceríamos ou não, e de onde, aquela cara.

Passados uns tempos, falando ou fazendo qualquer coisa, sem qualquer ligação à pessoa com quem "supostamente" nos cruzámos, dá-nos uma espécie de alfinetada nos neurónio e exclamamos, mesmo involuntáriamente, conforme o gosto que teríamos, ou não de falar com a dita pessoa : Merda, era fulano(a)!!!!!!!! Porra, como não o(a) reconheci?

Pelo menos a mim, que sou mau fisiologista esta treta está-me a acontecer cada vez mais, porque já acontecia de vez em quando, mas agora, senhores, é amiúde. O que terá mudado em mim, ou mais importante ainda, o que terá mudado nas pessoas que me fizeram não ter o vislumbre delas no momento correcto?

Vem isto a propósito de uma ida minha ao posto médico, logo quando fiquei doente e iniciei a primeira fase da quimio. Estava lá eu (claro) todo enchouriçado em roupa, por causa do frio, mas trombas bem â amostra. Um fulano também láestava, pai de uma amiga minha, que conheço hà pelo menos 35 anos, com quem joguei à bola, na antiga Vareira, lá para os lados da Torreira, e que nos tratamos por tu, de pé, andando de um lado para o outro, esperando vez, e que fixava a minha cara em cada passagem.

Deixei que passasse algum tempo, enquanto o meu sorriso se abria um pouco a cada passagem, até que lhe disse: - Justino, guarda o dinheiro mas fala aos pobres!

Depois foi o depois, não vale a pena contar a história, mas sem cabelo, sem bigode(como na altura) já viram os desencontros que tenho tido?

Vou ser honesto, alguns ainda bem....

22 de janeiro de 2010

Erros meus, má fortuna.

Primo, não vou responder a nada do que escreves, porque simplesmente iria mandar mais lenha para a fogueira e não era de todo a minha intenção.
Só te digo que quem tem fantasmas para exorcitar és tu, não sou eu. Porque as coisas para mim são reais e não apenas fantasias.
A minha vida é o que é e foi o que foi para mim. Não faço floreados bonitos.

Por isso e para não ferir mais nenhuma susceptibilidade, aqui fica a minha última mensagem. Não quero nem compro guerras desnecessárias nem tão pouco estou para "bate-bocas" como dizem os brasileiros.
Por fim:
"Não é com uma alma cheia de raiva, despeito,inveja, amargura, talvez até ódio, que vais conseguir que a Sarinha seja melhor do que pode vir a ser, em todos os aspectos." - Agradeço que a minha filhinha não seja chamada para estes assuntos porque eu não chemai nenhum dos teus filhos para a conversa e PONTO FINAL NO ASSUNTO.

Beijos

Janeiro 22, 2010 1:31 AM


Voltei só por tua causa, porque tu mereces, ou merecias, já não sei... (Lógico que os destaques são da minha responsabilidade).


Paula, já leste o que escreveste aqui em cima? Já mesmo?
A que te sabe a boca agora? Tens sentido esse sabor frequentemente?
Que cores consegues distinguir? Mais do que uma? Quais?
Os sabores e as cores são coisas reais, não são fantasias.

Que fogueira ateei sem dar conta? Acordei algum monstro que tivesses adormecido? Alguma coisa da inoquoidade das minhas palavras te feriu sem que eu desse por isso? Mexi abusivamente na tua sensibilidade de uma forma que te fez doer? Qual?

Que a tua vida é a tua vida já eu sei há muito tempo, até antes de ti, até antes de ti sim, porque eu vi-te crescer e entrevi qual seria o possivel rumo que lhe irias dar. Alguma palavra de recriminação algum dia saíu da minha boca? Alguma vez me pus de lado para não te poderes apoiar nas minhas costas? Quando? Como? Onde?

Sempre fizeste floreados bonitos, Paula, tu tens o dom de os fazeres, é só tu quereres, eu não tenho o dom de florear, posso, quando muito andar lá à volta, mas... não chego lá.

Se, como dizes, esta é a tua última mensagem, tu é que sabes, não me parece muito feliz, aliás como não me pareceram outros dois comentários teus que vinham na linha deste e que resolvi não ligar muito porque me faziam doer a mim, e só a mim, tal como este.

Só que este acaba contigo a gritar-me PONTO FINAL NO ASSUNTO.

Assim, ditatorialmente, como é teu apanágio "quero, posso e mando", não me dando portanto qualquer hipótese de argumentação (repara que não escrevi defesa), e isso eu ainda posso não aceitar.

Tenho a impressão que, desde o primeiro dia que comecei a escrevinhar esta coisa, tu estiveste contra, contra não sei o quê, mas contra. Só posso crer que contra mim. Porquê? Porque não dares apenas a tua compreensão de que cada vez mais me faltam muitas coisas, que não sou tão forte como toda a gente pensa e que não trago o Mundo às costas só porque me apetece. E porque não dares-me o prazer de apenas transmitir alguns dos sentimentos que me habitam, quer estivesses de acordo com eles ou não, sabendo que esses sentimentos são só meus?

Assumo tudo o que sempre assumi: eu. Não posso, nem quero assumir palavras ou actos de outras pessoas porque elas não eram, ou são, eu. Pensei que, para ti isso seria suficiente, enganei-me, queres que eu assuma culpas que não me podem ser assacadas porque, uma vez mais, só respondo por mim. Tá bem.

Porque terás de atacar mesmo quando não estás em risco? Achas que eu sou um risco? Agora? Se nunca o fui, agora ainda menos. Sou um risco, e grane, para mim, porque as minhas carências pôem a nu uma fraqueza que nunca imaginei e um cansaço que já me tolhe a vontade. Mas não esqueças, dentro do peito é ainda o mesmo fogo que arde quando tu nasceste, quando o tei irmão nasceu, é o mesmo, embora um pouco a precisar de ser avivado.

Não contava dar-te uma resposta como esta, mas lá teve que ser. Repara que não caí na tentação da roupa suja, nem do bate boca, isso seria aviltrar-me, e isso não faço. É de peito aberto, como sempre, que te mando um beijo grande, hoje quando eu também preciso que me dêem alguns.

A que te sabe a boca agora?
Que cores consegues distinguir?
Achas que tive o que mereci? Estás satisfeita?

E nunca esqueças Paulinha, numa pseudo guerra comigo, que nunca te deixarei comprar, nem te comprarei, tu não tinhas nehuma, mas mesmo nenhuma, hipótese de ganhar.

O.A. 2010.01.22 às 13:43

21 de janeiro de 2010

Acabou

Desde puto que gosto muito dos THE DOORS, os mais novos talvez não sejam grandes fans, o que é pena.

Vem isto a propósito, porque todos os dias oiço música deles e presto atenção às letras, bem, mas adiante, aqui vai um excerto, só o princípio de uma cançaõ de que eu gosto muito:

The end

This is the end
Beautiful friend
This is the end
My only friend, the end
Of our eleborate plans, the end
Of everything that stands, the  end
No safety or surprise, the end
I'll never look into your eyes ... again
Can you picture what will be
So limitless and free
Desperately in need... of some ... stanger's land
In a desperate land

e, claro continua, mas agora não ineressa.

Não sei se voltarei a escrever uma palavra mais nesta coisa, provávelmente não, ou não, não sei. Não vou dizer que estou arrependido de o ter feito e acumulado erros sobbre erros, que quase sempre me estive cagando para corrigir, porque a mim, mais do que a embalagem encanta-me o produto.

Sei que não será justo para algumas pessoas que hei-de ter eternamente no meu peito, acompanhando-me nos restante do caminho,   e não será justo se não falar delas o que que elas me deram, desde milhares de kilómetros para me visitarem quando comecei a estar doente, até outras coisa que não tenho que dizer aqui e agora, tenhoa laguns rascunhos "pedurados" sobre algumas pessoas, talvez os publique assim mesmo como estão, talvez não.

Mas a Minha Maria Alice, estou seguro de que nunca verá qualquer história ou comentário dela ou sobre ela aqui nesta coisa, porque? è fácil, a Alice é, juntamente com a Catarina e o Miguel a mimnha razão de vida, mas mais do que issso é ela que dá razão à minha vida. Todos os dias lhe digo ou faço sentir o que ela é para mim, podem estar descansados.

Inté? (ou não)

Cansaço

Paltita-me que a ser vencido será pelo cansaço.

Estar cansado de estar cansado é uma canseira, como dizem no meu Alentejo. E eu já tive as minhas doses de canseiras. Paltita-me, embora já me tenha enganado.

Retocar o perfil com o meu menino.

há já dois ou três dias que mal me fala. não me parece, tenho a a certeza, anda a evitar-me. paira suavemente, não anda, não vai de encontro às coisas, como eu, tamborila com as pontas dos dedos das mãos uns nos outros, deve ser o formigueiro, horrível de aguentar.

há pouco descobri-lhe um esgar mal disfarçado (o disfarce nunca foi a sua maior "virtude" -?-) e não levou a mão ao local, antes o antebraço direito passou discretamente duas ou três vezes, como se uma comichão, sobre a zona do fígado, já não me enganas, há muito tempo que te conheço. tás com dores. porra asssume, faz como eu, queixa-te, diz asneirada da grossa, sopra para fora, diz merda mesmo que baixinho...

nã, não anda bem disposto ou tem alguma coisa que quer evitar dizer-me, já vamos ver, dou-lhe mais um bocado de corda e depois puxo, a ver se resulta.

saca de um cigarro após uma sandes de queijo da serra, ele sabe que tem que comer, mas também sabe que não deve fumar,olha p'ra mim de banda e encosta-se à janela da cozinha, baforando devagarinho. é giro como ele agora faz quase tudo devagarinho...

-que é que queres? ouvi entre o sussuro e a ausência de som.
-falar, disse eu do mesmo modo.
-e se fosses cagar, não era melhor? palerma!!!

fiquei um pouco na defensiva com a virulência de tal ataque, aqui havia água no bico, seguramente.
-palerma porque (não, não é porquê)?, resolvi perguntar após uns dois minutos de baforadas. e porque não me apetecia cagar, diga-se.

 mais um silêncio e uma beata jogada para a rua (onde ninguém passava).
-e queres ver que não sabes!!! desta vez o menino levantou a voz uns decibéis para além do sussuro.
-não consegues dormir, tens dores, estás maldisposto, queres matar todo o mundo e arredores, achas que já não fazes parte de merda nenhuma a não ser dar trabalho, eu sei lá as merdas que tu para aí tens, mas acordas ás 4 ou lá o que foi, da matina, vens ver os teus mails, encontras um que não vale um peido, e pões-te, com mariquices e esquecendo tudo o que tens, a COMENTAR aquela merda, como se tivesse piada!!! tu és burro não só de agora como diz o cunhado Adriano, és burro de há muito.
 mais de duas horas a escrevinhar borradas que não têm piada, a que ninguém vai ligar (se é que alguém vai sequer ter o trabalho de ler) e estava tudo bem contigo, NESSA ALTURA NÃO TINHAS CANCRO?NÃO TINHAS DORES, NÃO ODIAVAS O MUNDO?ERA MAIS IMPORTANTE TIRAR OU DAR A ALGUÉM UM POSSÍVEL SORRISO? ora vai apanhar no cú para ver se as feridas cicatrizam.
ele, hein!.

os meus olhos mantiveram-se abertos todo otempo que durou este tão feroz ataque, e mais se abriram quando ele acabou, já que, acabadas as palavras as costas foram o que dele me restou... é pá, a coisa tá brava. o menino quando deu por ele estava A GRITAR comigo!!!!

de súbito voltou atrás, tão suavemente como se não se tivesse ido embora e, baixinho, perguntou:

- que merda é que queres mudar no perfil?
suspirei também baixinho, para ele não notar, o que não fui capaz de fazer e lhe arrancou um sorriso tão breve que só eu o podia tervislumbrado. - temos conversa, compreendi e, por isso, me alegrei um pouco.era bom, é sempre bom conversar com o meu menino que nunca teve briquedos. ele diz que é a minha "consciência", um nome que acho pomposo e deslocado porque le nem sempre está presente. mas....

-não sei, respondi com verdade, estava à espera que tu soubesses, ou que tenhas dado por alguma mudança em mim que o justifique.

-olha, primeiro sou contra essa cagada que andas a fazer, disse-o tão baixinho que tive dificuldade em ouvi-lo, está cansado, ele está muito cansado. problemas a estibordo..- depois, continuou sempre baixinho, não alcanço nem a motivação nem o aproveitamento, antes te vejo a definhar no corpo, a aumentar as dores e agora a comprar guerras, não sei se não deverias acabar com essa porra, portuguêsmente falando, e ainda, lembras-te dos concursos? -e ainda? era o tal de não interessa o nome dele, para mim é peidófilo, sim peidófilo, não tens queda nenhuma para isso. queres mais?

fiquei a pensar se queria mais, se haveria de reabater alguma coisa , se ele tinha razão e, finalmente, o que é que EU queria.

foi dar uma volta até à sala, sem acender a televisão, tá enjoado de televisão, ouvi-o sentar-se no sofá, no meu sítio, e ruminar qualquer coisa que não entendi mas também não me atrevia a perguntar. resolvi esperar. devagarinho, como quase tudo o que ele faz.

a gata apareceu e roçou-se pelas minhas pernas até se sentar em cima do meu pé esquerdo. e ali ficou, não soube se era para me animar, para me apoiar ou se se estava nas tintas (como sempre) sobre o que se passava. ficou ali muito tempo e eu deixei, porque estava quentinha, enquanto eu escrevia no computador. chateou-se da posição, deu um pequeno e suave salto e lá foi ela fazer a ronda da casa e arranhar tudo o que são ´sofás...

-TAMBÉM PODIAS TER APRENDIDO A ESCREVER, NÃO PASSAVAS TANTA VERGONHA, COMO SE TU A TIVESSES...

aqui até me assustei. vindo da sala, tronitruante, mais com medo que eu não ouvisse do que por qualquer resquício de zanga (seria?), uma , pensava eu, última consuderação que eu não podia de forma alguma não tomar à letra. afinal ele sabia o que é que eu queria. o mundo já não era tão mau, súbitamente.

nada disse. primeiro para ver ser havia mais, segundo porque sabia que ele tinha razão. parece-me que vamos ter conversa. ouvi o clique da TV, já estava chateado do nada em que tinha mergulhado, iria assistir a qualquer coisa que o não fizesse pensar, ouvi novamente o clique da TV, tinha regressado ao nada, afinal é lá que ele se sente menos mal.

-ó pá, disse eu em voz normal, e se falássemos?

-outra vez? de quê e para quê?. merda, como ele me sabe sempre deixar desrmado.

- de tudo, de nada, de alguma coisa, mas falássemos... a ninha voz ia sumindo à medida que lhe propunha uma conversa. não acreditava ainda na disponibilidade dele, quase mas ainda não total e depois tinha receio do que poderia ouvir, para onde poderia derivar a tal conversa apenas para mudar o meu perfil, coisa simples, pensava eu..

-NÁ. não estou para aí virado. vai comer qualquer coisa e depois logo se vê. pronto, agora sabia ser final, só, talvez, da parte de tarde lhe arrancasse alguma coisa, que ele iria sentir como se fosse o coração, a medula, ou outra coisa qualquer que fizesse dor e a que ele se queria resguardar, porque no que respeita a dor ele é especialista, até arranjou algumas de outras pessoas e tomo-as como dele. já sei que não vou levar vantagem.

20 de janeiro de 2010

O meu perfil

Pois é, vou ter que alterar o meu perfil.
Já não sou bem assim como aqui diz, dei-me conta que, lenta mas seguramente, me estou a transformar noutra coisa qualquer que nem parecida é.

Vou conversar outra vez com o meu menino que não tinha brinquedos a ver se chegamos a uma conclusão, depois digo.

Os dias de fugir

Hoje é um dos dias de fugir.

Não é uma questão de fugir de um local, de um sítio qualquer, não. É um dos dias de fugir de mim, melhor, de fugir de dentro de mim.

Que vontade deixar este invólcuro e simplesmente fugir, a alma a tropeçar, mas sempre para a frente, até cansar da jornada no dorso de um qualquer vento violento que me leve, e que me faça leve, para poder plainair sobre tudo o que existe e, banhado por um sol amigo, poder emfim descansar e respirar só mais um pouco sem entraves, sem raivas, sem dores, apenas respirar e sorrir (como eu tenho saudades de sorrir!!!!!)

Porque será impossível tal fuga? Ou quando será possível tal fuga?

Limites

Até eu tenho os meus limites, descobri há pouco tempo. Parece uma frase pomposa e "cagararenta" mas não é, por favor não a tomem como tal. Só que até há bem pouco tempo tomava a vida como certa, o hoje era uma coisa maravilhosa que seria ainda melhor amanhã: Afinal não era nada assim.

Bem que me avisaram em tempo, embora eu não tenha culpa (pelo menos muita) nesta situação.

Talvez daqui a uns dia me arrependa disto, mas hoje arrependimento e bom senso não fazem parte das minhas (poucas) palavras.

Ah, se pudesse, crescer as minha unhas como um mutante de lobisomem, quais navalhas de marinheiro em pesca de alto mar, e pudesse, sem custo, extirpar do corpo todas estas células que me estão a comandar uma vida que não é a delas, mas a minha.

Era como se arrancasse um monte fios eléctricos que já estão desconectados e não transferem qualquer luz, era como se, num repente o meu sorriso pudesse voltar à minha cara e continuar um caminho que tenho feito correndo e saltando, sempre com a minha alegria de criança.

Mas, para já, não posso. Vou largar o que estou a fazer e inventar outra coisa qualquer para não me chatear ainda mais.

Levantamento de suspiros

Da minha janela (desta onde estou) vejo um monte de casario, prédios grandes, médios e pequenos. Vejo um montão de telhados (moro muna zona alta) duas ou três ruas, um jardim, um mamarracho a que chama Praça da Cidade, emfim, que demorou mais de 4 anos após a data prevista de conclusão, etc. Vejo muitas coisas, oiço muitas coisas e sinto muitas coisas.

Hoje pus-me a fazer um exercício (leve) mental sobre as pessoas dessas casa e ruas, e tudo isto por causa da neblina que esbate um pouco os contornos da minha vista, mais cedo era pior, agora já nem tanto.

Parece-me que que os suspiros são a causa da neblina, e vice versa, ou seja, sei que estão relacionados e vou tentar descobrir como, durante esta manhã, ou talvez amanhã, ainda não sei.

E que suspiros? Não, não são esses deliciosos bolos branquinhos (cá para mim todos os suspiros são brancos) que me passam tão raramente pelo goto. São aqueles suspiros que vêm do peito, atenção, eu disse peito mas nem sequer é isso, é mais uma questão bronquial e ombreira (dos ombros, pois sempre que alguém suspira encolhe os ombros, como se isso fosse inerentemente fatalista).

Porque suspiros a sério vêm da alma (os únicos que não são brancos, são translúcidos) e são esses que me importam.

Quantas pessoas suspiram sózinhas, nessas casas de que falo, nessas ruas que vislumbro? De onde vêm os seus suspiros e o que os faz existir?

Serão esses suspiros aparentados com os que, bastas vezes, vou eu mesmo deixando escapar aqui sózinho à janela onde tenho o meu amigo computador? Será que a razão desse suspirar é a força que faz levantar a neblina? Que força emana desses suspiros? Para que servem? Sei que nada resolvem porque a dor continua, apertando à sua medida, ora mais devagar, ora com mais intensidade, mas continua lá, amiga como mais nada nem ninguém, a dor é boa companheira, faz-nos sentir vivos( ou vegetantes?)

Conheço algumas pessoas nessas casas que suspiram como eu, do fundo da alma, e têm razões para o fazer, peço que não me levem a mal estar a comparar-me com elas, a não ser no suspirar, pois umas não estão tão mal mas outras estão ainda pior que eu. Muito pior.

Cada suspiro tem uma carga emocional. Já topei. É como se um fio de abandono nos deixasse mais sós e largados a uma sorte que nem procurámos, mas a que estamos destinados. É como se fosse inexorável, um caminho que, com mais ou menos subidas, com mais ou menos curvas nos há-de levar onde quer.

Então para que porra suspirar? Embora eu só dê conta de o fazer depois de o ter feito, o suspiro não avisa, impôe-se. De que serve esse suspiro que vem cá de dentro, sem encolher de ombros, mas sofrido e sentido como tal, num vagarzinho que me irrita, como se dançasse uma qualquer valsa a seu belo tom?

De que serve, senão para levantar a neblina, a não ser para me castigar obrigando-me a fazer e sentir coisas que eu não quero? Pensará o Sr. Suspiro que é uma câmara mágica que tem obrigatóriamente de me fazer recordar tudo o que foi, é e será mau na minha existência? Quem lhe deu tais poderes?

Que será que o suspiro quer que faça com ele? Suspirar junto? Não. Dói em demasia.

Vou parar de suspirar.

Hoje estou doente

Hoje estou, sinto-me doente.  Levantei-me, como habitualmente às 6:30, mas não me apetece ir trabalhar. P'rá cama também já não vou, não vale a pena curtir a solidão dos lençóis.

Mas hoje não me apetece mesmo nada ir trabalhar, que porra! Isto não é normal em mim, devo estar mesmo doente, são 8:02 já podia telefonar ao Belmiro a avisar que, pelo menos da parte de manhã não vou, à tarde, se estiver melhor, logo apareço.

Não estou de ressaca, longe disso, não saí ontem à noite, ainda menos, antes de começar o telejornal já roncava, segundo diz a minha mulher, e eu acredito. Então que porra se passa comigo?

Já deito computador pelos olhos da cara e pelo olho ..., televisão não é suportável, ainda não comprei uns óculos a sério para poder ler (desenrasco-me com uns dos chineses que me queimam a cabeça ao fim de 10 minutos), resta a música mas, não, também não pode ser, toda e qualquer nota de assemelha a um ruído reesoando dentro de uma cabaça oca., como se fossem variações de terremotos como o do Haiti - imagens sempre presentes- que parece querem rebentar as paredes que as acolhem.

Porra, querem lá ver que hoje estou mesmo doente?

É melhor telefonar ao Belmiro, se houver alguma coisa ele liga comigo e resolve-se o assunto.

Uma destas, hein? O Ulisses estar doente!!!!

17 de janeiro de 2010

Cunhadas e cunhados da parte da Alice

Eu continuo a dizer que sou um homem abençoado e, como quase sempre, estou carregadinho de razão. Senão vejamos:

Quando casei com a minha Alice estva a saír debaixo da m..., pela terceira ou quarta vez, já não recordo, nem é importante, mas estava. Uma vez mais.

Sara Mana

Sei de antemão que não vou dizer tudo o que quero, conheço o funcionamento da minha cabeça, por isso é uma promessa que aqui fica, não sei quando mas voltarei aqui. Será mais tarde do que mais cedo.

A história do como não tem grande interesse a não ser para nós, mas a história do quê, essa é novidade para muita gente, aqui vai:

No mesmo ano Deus foi porreiro para mim, ou seja, contrabalançou as suas ofertas. Em 2009 resolveu dar-me um cancro a que, sinceramente ainda hoje continuo a não achar piada nenhuma, mas acreditem que há coisas muito piores, mas muito piores sem qualquer dúvida.

Claro que fiquei triste, chateado, preocupado, enfim, portuguêsmente fodido. Fácil de compreender, não? Principalmente para quem, como eu, a Vida era uma maravilha que valia a pena ser bem vivida, para quem uma gentileza era um dom e a alegria uma dádiva, para quem tinha (e ainda tem) um sorriso ao canto daboca, ou como diz o Manétó "o pobre pode ir sem esmola mas não vai sem resposta" Ah! Ganda Manétó.

Passo por cima de tratamentos e outras partes chatas porque já disse em cima como me senti.

Eis senão quando Deus tem pena de mim e me oferece uma Irmã, novinha em folha, assim caída do Céu que me procurava há alguns anos. Primeiro tive relutância e não queria mesmo alargar o meu círculo familiar, apenas da parte do meu pai, que deve ter sido um engatatão de primeira, recusei conhecer essa parte da Família.

Até que um dia, em que ambos os meus nerónios estavam a funcionar resolvi que sim, queria conhecer mais um bocado de mim (sem o saber) de peito aberto, como sempre e mentalidade alargada.

Também não interessa o processo de aproximação, o qual foi rápido assim que tomei a decisão. Mas a proximação foi semi lenta, devido às distâncias que nos separam geográficamente e principalmente ao meu frágil estado de saúde.

Bem, conheci então a minha Irmã Sara, a minha sobrinha Carla (um crãneo) o meu sobrinho Ricardo (um borgas do melhor) e o meu cunhado Rui. A Sara e o Rui só levarão adjectivos lá mais para a frente.

E, surpresa das surpresas, dei comigo a rir e a saltar por tal gente também me pertencer. por aos 55 anos ter descoberto quatro seres do melhor que conheço a todos os níveis, desde aceitação a sensibilidade, a uma empatia que só julgava possível com a convivência dos tempos, a um já te conheço desde sempre. Bonito.

Fiz as pazes com Deus novamente.

Não há hierarquias

Não existem hierarquias, qualquer tipo de ordem, que me levem a chamar pessoas a esta colação. Aparecem, porque no momento em que escrevinho será nelas que estou a pensar, não por serem mais ou menos importantes para mim, é só porque é mesmo assim , calha...

Mas não estou a esquivar-me a alinhavar qualquer coisa sobre pessoas (importantes, ou não) que talvez já devessem figurar nesta"galeria". O que se passa é que aquela ordem silensiociosa que me diz: é agora o tempo de falares nisto ou naquilo, como é livre, ainda não fez abanar aqui as teclas que tanto maltrato.

Virão, seguramente, na vez que elas próprias façam despoletar a tal ordem silenciosa, se o tempo a tanto me chegar. Elas, por uma razão ou outra merecem que fale delas.

O que me aborrece sobremaneira neste "presunto" (como dizem os espanhóis) blogue, e que me está a mexer altamente com o sistema nervoso, é que parece que só tenho que dizer de mim, como se o medo do canto do cisne não me vá deixar transmitir o mais importante. Só que não há nada importante em mim.
Não vou contar a minha história de vida, porque é irrelevante, e por mais que eu escrevesse faltariam sempre uns capítulos mais ou menos saborosos, para o bem e para o mal porque envolveriam terceiros (alguns até quartos), penso não ter o direito de o fazer.

 O que me vai ainda dando algum sentido a estas deambulações nocturnas pelas palavras é a certeza de que haverá, por esse mundo fora, quem ainda recorde a minha pessoa, as minhas posições, os meus medos e valentias, as minhas conquistas e derrotas, os meus risos abertos e lágrímas nem sempre contidas, os meus pensamentos e acções. É esse conjunto de pessoas que, de viva voz, poderá dar realmente testemunho do que foi a minha viagem.

(Outra coisa que me está a "cabrear", como dizia o Sancho Molina da Tadesan- cada vez me aproximo mais de falar em trabalho e em alguns maravilhosos seres humanos que trabalharam comigo- é que cada vez mais utilizo o passado para falar do presente). Mau.

Gostava mesmo de saber desenhar muito bem, mesmo muito bem, para fazer umas tiras de BD, assim como o marisco acompanha o arroz, e juntar a esta coisa, mas não sei desenhar, nem bem nem mal,nem sequer pior. E pena, havia de ficar engraçado, porque as ideias estão cá e tenho montes de lápis e papel. paciência.

Tem este arrazoado todo apenas uma finalidade, como disse ao princípio, não há hierarquias, por isso esperem pela pancada.

Boa noite aos heróis que conseguiram chrgar até aqui, nem que fosse em 4 ou 5 vezes.

15 de janeiro de 2010

intervalo

De repente, mas amiúdas vezes, cresceme-me aqeula sensação horrível de uma coisa que não posso deixar de fazer, que necessito mesmo fazer, antes que expluda em nilhares de bocadinhos que constituem o corpo, o meu corpo.

E vejo-me, não sei como, com umas unhas muito compridas rasgar o meu peito nu, de cima abaixo, logo a seguir à boca até para lá do umbigo, E uso muita força, força que já não tenho, e que nao sei onde vou buscar, mas que consigo.

Então sai um grito tão rouco de cavernoso, de muita raiva contida, de milhares de frustrações e desgostos, de nãos acumulados ao longo tempos de àguas´há muito fechadas, de sangue completamente negro., como a própria negação de Vida.

Mas sai, finalmete sai, numa dor tão excruciante que não me atrevo a comparar a qulquer outra que alguma vez senti, e ao saír deixa-me atónito por reparar que eu era o seu único ouvinte, aquele a quel ele estava guardado, ai estou eu, peito totalmente aberto e vazio, no meio de um chão frio que pica agulhas infernais nas minhas costas, tenetdo perceber se e como recuperar, e o mais importante disto tudo é que o meugrito era só para mim, embora eu tenha certea que todss sas casotas nos píncaros das serras temham dado pela sua passagem. Acredito que sim.

É então que um leve sibilo me vai fechado os rasgões do peito, como se fosse um básamo soprado que não consigo ver,só ouvir.

Mas e a frescura, e a paz, e o nada reprimido, que me ficam do resto dogrito valerão ele mesmo? Ou será melhor um dia deixar mesmo rebentar em milhares de milhõe de partículas que farão ainda mais barulho que o grito e, assim, passarão mais casebres solitários á espera do sussurro que vem no fim?

http://sorisomail.com/email/1456/farto-de-politicos.html

Foi a minha irmã Sara que me enviou. è Muito giro.
Joguem à brava.

14 de janeiro de 2010

Picadas

Eu nunca tive um cão.
Eu nunca tive uma bicicleta
Eu nunca tive uma data de coisas.
Ou seja, em verdade eu tive MUITO poucas coisas.
Mas tive uma data de padrastos, eheheheheh.

Nada me fez nada mal, nem sei de nada que fizesse pior.

Outras coisas houve que eu tive e mais niguém teve.

Eu tive-me a mim. Quantas pessoas podem dizer o mesmo? Eu tive-me a mim o tempo todo, sempre. Eu tive-me a mim mesmo quando me dei todinho a muito poucas pessoas, continuei a ter-me a mim.
Dessas muito poucas pessoas a quem me dei na totalidade, muito poucas demonstraram que eram dignas de me ter, eu não, eu era digno de mim, tinha-me, inteiro. Algumas pessoas ficaram comigo, nessa dádiva que eu lhes fiz durante algum tempo, sempre variável até obterem de mim o que queriam, outras reconhec endo que eu não era para elas, outras após a minha exibição como um trofeu.

Por uma razão ou outra eu sabia, ou adivinhava, como se passaria as coisa, mas continuava a dar-me, eu gostava de dar-me a quem eu gostava, eu gostava que retirassem de mim o meu melhor para, eventualmente, as poder melhorar, e é certo que consegui com algumas (poucas, poucas, poucas, mesmo poucas), e é certo que com outras só sofri por ver que uma vez mais me estava a dar a quem não merecia. Até que um dia apareceu não sei de onde a Alice, que me fez ver, pela primeira vez que era eu que não era merecerdor de uma pessoa que se dava toda, que se me dava toda, que é diferente. Tantas desilisões que lhe dei, preocupações, contrariedaes, eu sei lá. Hoje penso que seria o medo que tive de conhecer uma pessoa como eu. Ainda bem para mim, e para a Alice também.

A minha vida tem sido vários contos, contos de fadas, contos de fodas, contos de bruxas, contos de vigaristas, e alguns contos de amor que também aconteceram. Gostava de saber desses amores, onde andam eles hoje, quem são, no que se transformaram, ou até talvez não gostasse, não fosse esse saber dar-me mais uma picadas eu eu já estou cansado de picadas (isto na realidade, não dessas).

Com cada desapontamento o meu corpo ia ficando picado, primeiro à volta dos olhos, depois ao canto dos olhos, marcas que ao juntarem-se se transformaram em rugas, umas mais leves, outras mais fundas, mas isso eu levava fácilmente com um sorriso, até que...

Houve uma altura em que senti forte e profundamente uma grande picada na minha alma, no no meu coração e na minha razão também- E outra, e outra logo em seguida e mais outra, e muitas outras, até que as rugas da cara se tranferiram para dentro do peito, e doíam, se doíam. Imaginem se eu não me tinha a mim mesmo por inteiro, que fazer? Como sobreviver? Como continuar a dar-me? Eu não podia desistir de quem era, correndo o risco de me perder e não saber de mim.

Como consegui erguer-me, reerguerme, passar a mão na roupa e olhar em frente? De onde vinha essa força que eu não sabia existir? Que raio de material compunha o meu todo?

Descobri, por duas vezes, de que era feito afinal, de onde vinha o rio que inundava as minhas veias, qual o ferro que endireitava as minhas costas, qual a luz que alagava os meus olhos. E fiquei feliz como se fosse eu o responsável pelo Big Bang, quando peguei nas minhas mãos o Meu Filho Miguel e a MInha Filha Catarina.

Tudo tomou sentido nessas duas vezes, tudo toma sentido ainda agora porque eles têm-me por inteiro, todo, não resta mais nada para mim.

Eu nunca tive um brinquedo.

Rui Barradas

Ruizinho, tu és das pessoas mais completas com menos parafusos que conheço, e se eu conheço muita gente, tu és das pessoas mais fortes com mais fragilidaes que eu conheço, e se eu conheço muita gente, mas tu foste das primeiras pessoas que eu meti inteirinha no meu coração, e eu meti lá MUITO POUCA gente. Ainda lá moras, sempre lá morarás, o teu lugar é vitalício, aconteça o que acontecer.

Tu foste das pessoas que mais me ajudaste em fases ruins da minha vida, sem um comentário depreciativo, sem uma palavra de azedume.

Não me lembro de muito mais gente que desse o carinho, o apoio, a Amizade que tu me deste, conto-as pelos dedos das mãos e ainda sobram dedos.

A nossa história em comum é isso mesmo, nossa, não é de mais ninguém, por isso nem vou falar nela. Quem sabe sabe sabe, quem não sabe não tem que saber, para além de que quem pensa que sabe tudo pode-se desenganar pois da missa não sabe a metade.

É só para te dizer que também me lembro do que me deste, do que te dei, de como muito mais do que primos eramos irmãos, com as nossas guerras, com as nossas bebedeiras, com as nossas frustações, não havia irmãos mais irmãos.

Também a minha querida Tia Lídia mora no aparatamento ao lado do teu, aqui neste coração cada dia mais velho e mais gasto, também o lugar dela é vitalício pelo bem que me fez. Não esqueci nem nunca o esquecerei (embora mais uma vez este ano me tenha esquecido de lhe dar parabéns no seu aniversário a 6 de Janeiro).

Ainda bem que existes, embora a precisar de ajustes que, agora não te posso dar.

Serás sempre o meu Ruizinho, disso não tenhas qualquer dúvida.

Haiti 2010

Eu não queria, não queria mesmo, mas não me sinto bem (já não me sinto bem só pelo que aconteceu) se não pensar um pouco (que mais posso fazer?) naqueles milhões de pessoas irmãs no sofrimento derradeiro.

Não vou vulgarizar as catátrofes naturais, que cada vez são mais frequentes, umas com a nossa intervenção, (eu explicava e talvez até um dia o farei) ou ajuda, outras porque, pura e simplesmente são ... naturais. Elas acontecem e pronto.

Mas vamos pensar na história do Haiti, nos senhores de Por-au-Price de há uns anos para cá. Nos Tonton Macute, de óculos escuros Rayban todos iguais para que se não diferenciassem os tiros, os sequestros, as desaparições.

O que falta agora no Haiti já faltava antes do tremor de terra, tudo, à excepção de "ilhas" onde os dólares corriam do turismo sempre para os bolsos dos mesmos. Só que agora falta mais, muito mais, as mesmas coisas mas em quantidade maior e faltam vidas, muitas vidas, e agora o cinismo do mundo vai ajudar, não antes, não valia a pena, outros interesses se levantavam.

Vidas de pessoas reais que já eram irmãs no sofrimento derradeiro.

Abana a minha justiça e faz crescer a minha raiva.

Esquecimentos

Vocês (quem, sim, quem?) vão dizer que sou parvo, e com toda a razão. É verdade, sou. Admito. Culpado. Mas é assim que eu sou. Além de que "parvo" quer dizer muitas coisas, mas vamos considerar só o trivial. Parvo.

De quando em vez esqueço-me de coisas, que passam por mim como ventos do sul, carregados de intenções mas muito velozes para se apanharem. Então agora com esta coisa da quimio fiquei muito pior, esqueço-me do dobro das coisas, algumas relativamente importantes, outras ainda bem que me esqueço, que são as mais importantes, porque têm a ver com dor, sofrimento, desilusão, solidão e outras coisas assim, que não interessam nada a ninguém, excepto a mim.

Mas esta nota tem a ver com um esquecimento que relembrei (não gostaram da piada?), tem a ver com a nascimento e morte, sujeitos da nota que escrevi para o Vitor sobre a viagem.

É que me esqueci de dizer que nascemos e morremos sózinhos, tanto num acto como no outro estamos sós, entregues a mais ninguém do que nós.

É que também me esqueci de dizer que na maior parte da Viagem estamos também sós, por vezes demasiado sós, por isso muitas vezes a nossa companhia de viagem, não sendo a ideal, não é bom uma viagem feita a sós, é a possível, e a única que nunca nos abandona. Só por isso deveríamos gostar um pouco mais de nós.

Inté.

O menino que não tinha brinquedos III

Claro que nunca mais me larguei a mão, assim estou sempre com o menino que não tinha brinquedos, fazemo-nos companhia, entendemo-nos, é bom.

Hoje, que sabia que ele se preparava para mais uma das suas expedições, achei-o estranho. A sua mão estava um pouco mais fria do que o habitual e era estranho o seu suave sorriso só num canto da boca, como se fosse um sorriso desgostoso, um sorriso muito dorido, muito sofrido.

No seu coração não me pareceu sentir o cavalgar do mesmo corcel em galope como se não houvesse meta a atingir, pareceu-me um pouco mais lento, como se cansado, ou desiludido (como se desilude um coração que já sentiu tudo?).

Não era o seu andar pisando forte na calçada, mas antes um caminhar como se de um sussuro se tratasse, tentando não acordar as pedras.

Até o seu gesto com a mão definindo o abstracto me pareceu mais curto, como se já não almejasse o infinito mas se contentasse com a lonjura do seu olhar.

Mas para onde olhava o meu menino? Não vislumbrei sinais exteriores de algo no horizonte, nada que aqueles olhos fixassem.

De repente assustei-me. Dei-me conta que ele estava a olhar para dentro de si e as amarguras estavam a levar vantagem ao seu querer continuar a viagem.

Fiquei com medo. Prometi-lhe um milhão de novas estrelas cada qual com o seu sorriso, para lhe alegrarem o firmamento, sorriu um pouco mais com o mesmo sorriso desgostoso, sabendo que eu leria nele a minha loucura ou que não tinha direito a mais estrelas no céu.

Tal como de repente me assustei, assim de repente me acalmei, quando, por fim reparei no resto do sorriso dele brilhando nos meus olhos com a promessa de que amanhã será outro dia.

Não posso deixar ir embora o meu menino que não tinha brinquedos, não quero que vá ainda, tenho muitas coisas para compartilhar com ele, coisas que não posso compartilhar com mais ninguém, pois as suas feridas que não saram são as minhas também, os seus amores são igualmente os meus e são apenas nossos os brinquedos que nunca tivemos e aqueles que apenas nós soubemos inventar.

Não, não pode ir assim, com toda a facilidade, ele, para quem quase tudo foi difícil, vai ter que lutar novamente para ter de caír novamente, uma vez que essa parece ser a nossa sina.

Resposta a Garcia

Mais um bocadinho era "Carta a Garcia".

És um maroto, só hoje ou ontem, já não recordo bem, soube quem tu és.

Obrigado pelo teu comentário e pelos votos de uma viagem de sucesso, repara no entanto Vitor que a minha viagem seja qual for o fim ou a duração já é uma viagem de sucesso. Eu tenho uma leve impressão (tenho a certeza) de que já dei resposta, mas como sou um nabo nestas coisas, duvido que ela te tenha chegado, assim sendo, e como sempre preveligiei e hei-de continuar a preveligear (é com g ou j ?)os amigos, vou ter a certeza de que esta resposta só não lês se não quiseres.

Parece-me que estás a simplificar bastante a viagem. Ela não se resume a chegar (absurdo) ela é o princípio, meio e fim, ela justifica-se a si própria, e não esqueças a Viagem é a Vida e há só uma e é "para valer".

É na viagem que enches os olhos, que captas sentimentos, que dás e recebes, que juntas e divides. É na viagem que se formam conceitos, que se fundamentam atitudes, que se justificam os actos.

Todos sabemos como começamos a viagem, nús e a chorar, todos sbemos como a iremos acabar, frios e despojados, então onde está abeleza senão nos encantos que a viagem nos pode trazer, dure ela quanto durar, tenha ela a direcção e o sentido que tiver.

A viagem traz ao cimo o melhor e pior de nós, estripa-nos para todos verem e aceitarem ou não de que metal somos feitos, mas a viagem é sobretudo para nós, porque ela é nossa e só viaja connosco quem nós quisermos. Logo o primeiro aceitante da viagem como descoberta somos nós mesmo, é a nossa aceitação (ou não)daquilo que somos, que poderemos eventualmente vir a ser e do que nunca seremos, com todas as implicações humanas (ia dizer morais, éticas, etc)que iremos enfrentar.

Vês porque - para mim - a viagem não se resume à chegada ao destino?

Agora estou cansado, retomei hoje a quimio e tenho aqui uma bomba agarrada ao cateter, exteriormente, a debitar 2ml/hora de uma droga que não sei como se chama, mesmo assim vou resumidamente dizer-te porque a minha JÁ É UMA VIAGEM DE SUCESSO, não pensesque estou "cagando" de alto porque é mesmo assim. Aliás tu já me conheces há muito tempo e sabes que eu nunca fui disso.

A minha viagem teve quatro ou talvez cinco enormes paragens forçadas, daquelas a que se pensa não resistir mas sim desistir. Nunca o fiz, fui sempre arranjar a minha força, juntei e, mal ou bem, colei os meus bocados, umas vezes tive ajudas, outras não, mas consegui voltar a cavalgar o vento e voar em direcçaõ à luz. Não foi fácil. Vez nenhuma foi fácil, quanto mais para o fim (tantas vezes!) mais difícil se tornava.

Esta é mais uma paragem forçada, mais uma queda a que vou tentar resistir,
mais uma colagem dos meus bocados, mas estranhamente não está a ser tão dífíl quanto as outras e porquê, perguntarás tu se tiveres lido até aqui, o que eu acho um acto heróico (porque é que eu nunca consigo deixar uma piada de lado?????).

Eu digo-te Vitor, para mim a minha viagem está completa, vi, senti, dei recebi, conheci gente linda até às estrelas, gente boa até ao infinito, fui eu sempre, sempre, sempre, poucas concessões ou cedências me levaram, tive alegrias com que nunca consegui sonhar, tenhos feridas que não hão-de sarar nunca, amei muito, odiei também, por vezes chorei por vezes meus olhos eram tão tristes que nem lágrimas consegui verter, comi e bebi bem, passei fome e frio, dormi em lençois de seda e embrulhado em jornais sob bancos de jardim, de tudo se fez a minha viagem e é um sucesso eu poder falar nela. Sucesso maior dois filhos queridos como mais não podem ser, mas esse fazem parte de outra mensagem.

Abraço ainda forte do Amigo.
Ulisses

Paula Barradas

Nem eu esperava outra coisa de ti, se me é permitido esperar seja o que for seja de quem for.

Tu sabes muito bem, sempre te o mostrei, o cantinho que tens no meu coração, desde há longos anos, muito longos em saltos falhados, em percursos não percorridos , ou às avessas, enfim, por muitos montes e muitos vales.

Desde pequenina que sempre soubeste ler no meu sorriso, que era para ti, o que nele ia de compreensão, de ternura, daquele carinho onde muitas vezes se procura refúgio.

Acho que tu, tal como o teu irmão Rui, nunca foram verdadeiramente meus primos (brevemente falarei aqui do Rui), embora primos seja apenas um nome de uma hierarquia, não quer dizer absolutamente nada, a não se situar-nos numa absurda cadeia familiar.

Que dizer da proximidade afectiva, (chama-se também AMOR) que se tem a uma pessoa que já rotularam como isto ou aquilo, se o que se sente é outra coisa completamente diferente? A que laços que nós criámos é que os outros podem por etiquetas? Ganhem juízo.

Jamais te enganes, tu nunca foste para mim efeito de qualquer substituição, de quaisquer falta de meios, ou de outra coisa qualquer, tu eras apenas a minha Paulinha (e quer queiras quer não ainda é assim um bom bocado que te vejo).

Nem eu esperava outra coisa de ti, se me é permitido esperar seja o que for seja de quem for.

Tá' Beijos e obrigado pelo teu comentário

4 de janeiro de 2010

coisas lindas

como eu gosto muito de partilhar coisas boas aqui está um "local" onde se podem encontar autênticas pérolas que me tocam muito mais do que desejaria, sei que a perfeita beleza é inalcans´vel mas há coisas suficientemente belas para nos mexer. Ou serei eu que estou aficar apaixonado à distância de um oceano por algém que nunca sequer vislumbrei. leiam.


É:


fernandaw.wordpress.com

Depois digam-ma alguma coisa.

Agoar vou partir para outra, tà? Claro que t´, quem manda aqui sou eu!!!!

Botões, sim botões.

Estava aqui eu a pensar com os meus (estão a ver como é importante saber do que se fala) botões, eis senão quando reparo nas minha unhas. Pronto, lá vem a impaciência em saberem o que é que o cu tem a ver com as calças, mas tem e muita.

E isto porquê, sim porquê? Vá, digam lá (como se alguém estivesse a ler esta balhana) todos: PORQUÊ?

É porque já tenho unhas outra vez. Pois. Só que agora mais quando, menos quando, elas vão cair novamente e eu vou-me ver ... lixado com F para conseguir martelar aqui no teclado novamente.

Já pensei em duas soluções: a primeira é utilizar o nariz, para o que até já fiz uma experiência, dá! (Tirando alguns bichos que ficam agarrados) e as dores nas costas? Ui, não se aguentam, só vou poder escrever uma ou duas palavras de cada vez, o que aliado à minha proverbial paciência vai ser uma merda.

A segunda é utilizando "a ferramenta", pior, mas muito pior. Primeiro toca logo em imensos caracteres de cada vez, segundo parte-me as teclas todas com o peso e terceiro tenho que recuar para aí uns dois metros para chegar às letras. Que porra.

Chego assim à conclusão de que vou necessitar um computador operado oralmente (sem sexo) ou de uma ajudanta boa e dispoível para passar estas merdas para aqui.

Como sempre estou aberto (mentalmente) a sugestões.
Lol e até "manhã" ou "calhabo" seja, já que são 5de terça feira 5 de Janeiro.

AH! Antes que me esqueça: os Mayas diziam que o último dia dos tempos era o 21 de Dezembro de 2012. Coragem rapaziada, ainda faltam muitos dias, não comecem já com essa porra dos suicídios colectivos, ouviram?

2 de janeiro de 2010

O menino que não tinha brinquedos II

Incrível. Ao fim de tantos anos e quando menos o esperava, se é que algum vez tive essa esperança, hoje vislumbrei-o, por entre um magote de gente que, absuradmente, me pareceu conhecer também.
Mas, sem qualquer dúvida, era mesmo ele. Aqueles olhos nunca enganariam estes, lá estavam eles, absorvendo, como sempre, tudo o que se passava em redor. Pareceu-me fugazmente entrever ainda neles aquela centelha de ânsia, que não ansiedade, de sofreguidão de saber, de compreender. Era o meu menino que não tinha brinquedos, era mesmo ele. Como saltei de alegria, pois estava vivo.

Mas o menino agora é velho como eu, ou até talvez pareça ainda nais velho do que eu, será que ainda é o meu menino?

Estranhamente é tão alto como eu, e quase tão barrigudo, tem rugas e um ar cansado, parece alguém que está prestes a desistir da sua busca, ou que prescimndiu do seu rumo. Que lhe terá acontecido? tenho que saber, não posso deixar de saber. Indelévelmente as nossas vidas estão cruzadas, o que foi que lhe aconteceu? Como, porquê? Não posso deixar de o saber.

Tentei chegar-me a ele o mais possível, ao alcance da voz, mas em redor o magote de gente parecia que mais se apertava, dificultando sobremaneira a minha vontade de lhe tocar, falar com ele, de nos revermos. De onde veio tanta gente para nos separar?

Então, num rápido mas feliz acaso os nossos olhos encontraram-se, como há séculos se não encontravam, não durou mais do que o breve tempo de um sorriso até sermos novamente engolidos no turbilhão de gente que nos rodeava, mas foi o suficiente para aquele brilho especial ao canto dos seus olhos me contarem a história dos passos que o meu menino, que não tinha nenhum brinquedo, foi dando por esta vida e este tempo. Tudo o que o alegrou ou entristeceu lá estava, no registo daquele olhar que hei-de reconhecer sempre.

Agora já sei das suas tristezas e alegrias, das suas conquistas e frustrações, das suas dores, dos seus risos, da agonia e da felicidade, de tudo o que sulcou de rugas aquele olhar que para mim sempre foi especial.

Num bocadito de segundo tudo isto me foi transmitido, assim como eu lhe transmiti tudo o que eu gostaria que ele soubesse, foi mesmo só um bocadito de segundo e foi o suficiente para o reconhecimento daquelas olheiras, daquelas rugas, daquele breve sorriso mas tão intenso e tão imenso como todos os mares juntos num só.

Há  mais que uma réstia de esperança no brilho daquele olhar, há uma estrada a ser descoberta, traçada e rasgada nesta selva a que chamamos Vida, naquela centelha de olhar aliviou-me ver que o meu menino que não tinha brinquedos ainda era capaz de fabricar os seus, como sempre o fizera, que ainda lá estavam a imaginação, a vontade, a alegria e o querer e o poder dos olhos que tudo furam, procurando muito para além do que é visível um outro modo de olhar.

As saudades que eu tinha dele, e que afinal eram as mesmas que ele tinha de mim. Que alegria o reconhecimento, que doçura na transmissão de força, que sensação de paz, de milagre no limite.

Sei que a partir de agora vou vê-lo todos os dias, que não haverá mais ninguém a tentar separar-nos, que os nossos caminhos nunca mais estarão cruzados, mas seguirão paralelos passo a passo. Sei até que nem serão dois caminhos mas apenas um só, e que assim sempre foram e assim sempre serão, desde que eu não largue nunca mais a minha própria mão.

Decisões para 2010 - my way

Acordei hoje às 12:30 com um "formigueiro" na cabeça. Vejam bem, era Pensamento. Ena pá, eu a pensar novamente, inaudito!!! (E sem me doeram as costas!!!).
Não sei se foi do sonho que tive (se é que tive algum) não me lembro, mas resolvi retomar as rédas da minha vida,
Passei um ano com uma paciência que nem sabia que poderia algum dia vir a ter, em luta com uma merda de cancro que não pedi, ganhando uns dias, perdendo outros, engolindo alguns sapos que talvez não devesse ter engolindo, sempre com o fito de melhorar, condescendo com pessoas que o não mereciam (leia-se principalmente a minha mãe) fazendo que não ouvia nem via coisas que me magoavam e que tentava obliterar, sempre em nome de "levar a àgua ao meu moínho", ou seja, tentar vencer o que era realmente importante.

Só que estava a  fazer tudo mal, não se pode ganhar passivamente, é preciso lutar. Não possso estar à espera que o cabrão do cancro pura e simplesmente morra de velhice, pois antes morro eu, tenho que ir à luta e isso vai significar umas quantas alterações no meu posicionamento e procedimento perante esta vida, que por muito que digam as outras pessoas, É MINHA.

Vou separar o trigo do joio.  Vou continuar a gostar muito das pessoas de quem gosto (e agora tenho um conjunto novo de pessoas de quem gosto muito, que é a minha Irmã Sara, o meu cunhado Rui e os meus sobrinhos Carla e Ricardo). Vou ignorar as pessoas que só suporto e esquecer aquelas de quem pura e simplesmente não gosto. É assim que vai ser.

Não pode ser de outra maneira, para mim a mediania não é, nunca foi, suficiente. Sou uma pessoa de limites, ou tudo ou nada. Durante anos, à conta de não magoar ninguém, de não ferir susceptibilidades, de criar um ambiente tolerável para os ouros, que não para mim, fui-me deixando embalar na história de ser um gajo "porreiro". Merda. Eu não sou um gajo porreiro, sou um gajo BOM, sou um gajo mesmo muito bom, sem qualquer resquício de egocentrismo ou narcisismo da minha parte. Tenho umas dezenas largas de pessoas que me acpanharam o percurso ao longo dos anos que o podem comprovar, eles sabem dentro deles que é verdade o que estou a dizer.

Ora eu não posso deixar-me morrer já, ou dar-me uma qualidade de vida que não me seja suficiente para eu estar bem comigo mesmo. Não senhor, não posso e NEM QUERO.

O que vai mudar?
Contráriamente ao que era até aqui, vai ser primeiro eu, e depois eu outra vez, e então virão os outros, mas só aqueles de quem gosto, como já disse acima.

Por três ou quatro vezes tive que começar a minha vida do zero, ou do menos qualquer coisa, esta vai ser a próxima. Sempre o consegui, vamos ver se o posso fazer mais uma vez.

Portanto meus queridos, se me quiserem ajudar de alguma maneira façam-no, tentando compreender que esta é a minha posição para este ano. Só isso vos peço. Só isso me chega.

Muitas vezes sou e serei complexo e penso que vai piorar, peço tentem compreeder-me mesmo que não queiram aceitar-me.

E há sempre uma coisa boa para toda gente, podem afastar-se quando quiserem, é assim que se separa o trigo do joio.

Vou recomeçar a quimioterapia dentro de 10 dias, haverá dias em que nem com os muito mais queridos de mim conseguirei falar, houtros haverá em que serei eu a procurá-los para uma sessão de reforço de não solidão, de carinho, que me irão fazer tanta falta para resistir, porque, acreditem, é muito mau esse tempo entre ciclos de tratamento, é mesmo muito mau, pelo menos o primeiro foi.

Vamos lá ver o que é que isto vai dar... Vamos lá ver até onde sou forte por mim, para mim e para aqueles que gostam de mm.

Aquele beijo e muito bom 2010 para todos, do vosso
Ulisses